quarta-feira, 25 de julho de 2012

Barão Vermelho - Barão Vermelho 2 (1983)
















Para o rock nacional, sem dúvida, esse disco é um dos mais importantes. Aqui temos um verdadeiro amadurecimento em termos de produção e da banda em si.
 

Com arranjos de guitarra e piano bem melhores do que no primeiro álbum, Barão Vermelho 2 contou com a assistência dos produtores Ezequiel Neves - quase que o sexto membro da banda - e o inglês Andy P. Mills. Apesar da vendagem pífia, o álbum conseguiu levar o grupo ao estrelato nacional, emplacando sucessos como "Pro Dia Nascer Feliz", "Carente Profissional" e devido à atitude e voz rouca do Cazuza, um jovem rockeiro playboy que tinha um talento absurdo para escrever poesias influenciadas por Janis Joplin, Rolling Stones, Jack Kerouac, entre outros.

A faixa de abertura é "Menina Mimada". Tem uma introdução com arranjos progressivos de teclado, algo que lembra muito as vinhetas do Fantástico nos anos 80. Em seguida entra um rock n roll a la Rolling Stones-Kiss e Cazuza rasgando em letras sobre uma menina boba.
 

"O Que a Gente Quiser" também mantém os teclados ao fundo, mas trazendo uma guitarra mais pesada. Frejat mostra sua influência bluesística em um belo solo aqui.

"Vem Comigo" é o tipo de música bem ao estilo Cazuza: sacana e lasciva. Com pegada Jerry Lee Lewis, a poesia mescla com o rock n roll, com arranjos de saxofone por Oberdan Magalhães. "Bicho Humano" é pra fazer pular. É um rock n roll com bons arranjos que fala sobre ser humano virar bicho na hora H. Coisas do Cajú.

"Largado no Mundo" é um blues delicioso, somente voz e violão. Versos como: "Chiquita bacana/Aurora em Copacabana" só aumentam o sentimento de liberdade e o orgulho de quem a escreveu por estar na década de 80. O solo e os fraseados de gaita executados pelo lendário músico carioca Zé da Gaita dão um toque mágico à música. É lindo.

"Carne de Pescoço" começa com um áudio de um show e entra um belo riff de guitarra do Frejat, com influências de Mutantes, Led Zeppelin, Deep Purple. Engraçado que como o rock da década de 80 realmente soube imprimir as gírias e todo o ar da galera que viveu a época.
Só ouvindo pra perceber.

Sem dúvida "Pro Dia Nascer Feliz" foi a música carro-chefe do disco e da banda em si. Mesmo depois que fora do Barão, Cazuza sempre cantava essa música em seus shows.
Se formos citar algo que representou a juventude e a música nos anos de 1980 em nosso país, essa faixa talvez tenha sido "o" grande sucesso daquele tempo. O refrão é o grande trunfo: um hino de guerra.

"Manhã Sem Sono" tem influências latinas, com percussão de tambores ao fundo tocados pelo grande Peninha, que a partir de então viria a ser um novo membro da banda.

"Carente Profissional" tem um belo refrão, com vocal rouco e sibilar de língua, um dos hinos do Barão. O solo é de arrebentar.

O disco fecha com "Blues do Iniciante". É um belo arranjo blueseiro de piano feito por Maurício Barros, com bastante sentimentalismo e Cazuza com seu jeito teatral não-linear de cantar.

Aqui vemos praticamente um registro de uma juventude querendo sair da ditadura e criar uma identidade sua através do rock. De fato, percebe-se um pouco da ingenuidade que
existia na atmosfera nessa época, tanto na música como na cabeça das pessoas até então. Bons tempos do rock nacional.

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