terça-feira, 19 de junho de 2012

Faith No More - Angel Dust (1992)
















Vindo de uma boa época, que incluiu turnê mundial com uma apresentação impactante pelo Rock In Rio 2, prêmios da MTV pelos videoclips de "Epic" e "Falling To Pieces", milhões de cópias vendidas do clássico The Real Thing e um vocalista como Mike Patton que atrairia a atenção feminina mundial, o Faith No More resolveu radicalizar e fazer o som que deu na telha aqui.

Angel Dust foi muito aguardado pela mídia, principalmente aqui no Brasil, lugar onde a banda tomou grande intimidade com o nosso povo. Mas talvez quem comprou este álbum achando encontrar uma espécie de "The Real Thing 2", estava enganado. Por começar pelo título: "angel dust" é uma droga terrível que causa alucinações, esquizofrenia e até a morte.

 A capa linda do cisne contrasta com a contracapa de uma vaca decapitada em um açougue.
E aqui os caras largaram um pouco da imagem redhotchillipepperiana e criaram um estilo que gente como Deftones, Korn e Disturbed se inspirariam. Também começaram
a haver problemas com os integrantes, como o guitarrista Jim Martin somente ter gravado uma música, fazendo o baixista Billy Gould ter de gravar boa parte das guitarras.

O disco é mais pesado, mais louco e mais eclético que seu antecessor. Vão coisas como desde a baladinha adocicada "Easy", um cover dos Commodores até uma porradeira esquizofrênica-psicótica-industrial como "Malpractice". Já na primeira música, "Land of Sunshine" vem como uma epifania positiva sobre ter sorte na vida. Grande música. 
Em seguida "Caffeine" é puro heavy metal, com Patton cantado e berrando sobre seu vício em cafeína.

"Midlife Crisis" se tornou um dos maiores sucessos da banda: vocais rappeados, guitarras pesadas e samples de castanholas. "RV" é um som mais lisérgico, morgado, até engraçado que faz uma crítica a sociedade white-trash americana (seria como o zé-povinho de lá).

"Smaller and Smaller" fala sobre os índios americanos, com sessões ritualísticas e um belo solo de guitarra. "Everything's Ruined" junta o peso com baixo e bateria funkeados de uma maneira que saiu muito bonita. Um dos melhores momentos do Faith No More.

O mesmo acontece com um pouco de nostalgia em "Kindergarten", uma das melhores da banda. Em "Be Agressive" eles chamaram um grupo de cheerleaders para gravar o refrão. Ficou engraçado.

"A Small Victory" também foi um dos carro-chefes desse disco. Fez muito sucesso no Top 10 da MTV Brasil e americana em 1992. Mike Patton mostra versatilidade na sua voz, provando um grande amadurecimento no Angel Dust todo em si.

"Crack Hitler" é puro funk setentista com certo Q de disco-music. Interessante é que essa música foi escrita aqui no Brasil e a banda sofreu um processo de uma aeromoça brasileira por ter utilizado sua voz na introdução sem sua permissão. Coisa louca, né?

A única faixa gravada por Jim Martin foi "Jizzlobber". É a mais pesada do disco, com berros desesperados do sequelado Mike. A loucura culmina em um orgão de igreja que finaliza a faixa estranhamente.

"Midnight Cowboy" é uma cover de John Barry para o filme de mesmo nome da música. A caipirice e um tom de breguice imperam aqui. 

E fechando o álbum, a tão conhecida "Easy" vem para confundir a cabeça dos fãs mais metaleiros da banda. Por sinal, a versão do Faith No More fez tanto sucesso nos anos 90 que virou até trilha de novela da Globo, fazendo muito papai e mamãe achar FNM uma banda legal.


domingo, 17 de junho de 2012

Chi Cheng, do Deftones, hospitalizado novamente.















Apenas 2 dias depois de ter recebido alta do hospital em Nova Jersey, o baixista da banda americana de metal-alternativo Deftones, Chi Cheng, foi internado com sintomas de pneumonia. Chi ficou 3 anos sob estado de coma devido a um acidente de carro no final de 2008.

A mãe do músico, Jeanne Marie Cheng postou o seguinte em sua página no Facebook na sexta-feira (15):

"Ele mal chegou em casa ontem à noite de Nova Jersey e logo em seguida foi para o ER, com alguma coisa grave acontecendo! Pneumonia e alguma coisa mais. Nada bom!"

Algumas horas depois, Gina (assistente do site OneloveforChi.com) postou:

"Chi está na UTI sob três antibióticos para pneumonia. Pressão arterial e oxigênio estão baixos. Por favor, mande-nos ajuda."

Porém as notícias foram mais felizes neste domingo. " Mae ficou com Chi bastante tempo desde quando ele foi para a UTI, na quinta-feira. Hoje quando eu e Sal fomos vê-lo, ele pareceu bem melhor do que nós esperávamos. Estava consciente, sabendo do que estava acontecendo. Apesar do que ele ainda está no seguro de vida e não gostando muito de ter um tubo enfiado na garganta", comentou Jeanne Cheng.

Bem, enquanto isso nós da comunidade metaleira mundial ficamos torcendo por melhoras para Chi. As informações são do site TheGauntlet.com.

 

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Pearl Jam - Ten (1991)















É difícil logo no álbum de estreia uma banda conseguir tantas coisas como o Pearl Jam conseguiu. O incrível Ten foi gravado em menos de 1 ano de vida da banda e lhes rendeu sucesso mundial por quase uma década, através das rádios, revistas, MTV e da moda grunge que colou nos anos 90, em parte graças ao visual cabeludo-com-camisa de flanela dos caras.

O Pearl Jam veio como uma espécie de pós-Mother Love Bone - banda muito popular em Seattle que acabou após seu vocalista Andy Wood ter morrido de overdose em 1990.
O que aconteceu foi que os músicos remanescentes Jeff Ament e Stone Gossard, tristes pelo fim da banda e pela morte de seu amigo, resolveram fazer digamos um "último esforço". Deu certo.
 

Vindo da Califórnia, o carismático Eddie Vedder através de uma demo foi selecionado para ser o vocalista do que seria então o Pearl Jam. E nada como estrear uma carreira incrível lançando um puta álbum que virou febre.

De início, temos uma introdução meio ritualística, com sons até meditativos, que dá vazão ao mais puro hard rock cheio de energia em "Once". O refrão é perfeito.
Já impactando, a segunda faixa "Even Flow" virou um grande clássico da banda e da MTV nos anos 90 e 2000. 

"Alive" vem seguida, mostrando que desde os primórdios o Pearl Jam é uma banda que merece um bom espaço na história do Rock. É um hino, um baita rock com pegada country, que fala sobre um pouco da vida do Eddie, cujo nunca chegou a conhecer seu verdadeiro pai.

Em seguinda "Why Go Home" faz qualquer um pular. Um refrão incrível, guitarras pesadas e um baixo lancinante.

"Black" tem uma atmosfera bluesística-soft rock, com toques de guitarra distorcidas. Linda canção que seria executada até os dias de hoje por inúmeras bandas e músicos de bar pelo mundo inteiro.

"Jeremy" é uma narrativa sobre um caso verídico de um menino nos EUA que se matou na frente da sua turma de escola. Tão dramática como a temática, a aura misteriosa nessa música é cercada por um sons de violoncelo, guitarras pesadas, uivos angustiados de Eddie Vedder, que no vídeoclipe - exaustivamente exibido na MTV - mostra certa tristeza e desespero.

"Oceans" tem um clima mais relaxante, meio que em transe, hippie-praiano. Lembra um pouco de Patty Smith, Led Zeppelin em seus momentos de "viagem".

A emocionante "Porch" é um baita rock n roll, com solos influenciados por country-blues, que fala sobre a correria do mundo/estar com a pessoa amada. Coisa que o Pearl Jam é mestre.

"Garden" começa com um transe, um mantra que culmina em um refrão bem legal e um riff bem pesado. O solo de guitarra é lindo.

Mais uma vez Stone Gossard e Mike McCready mostram suas influências de Neil Young-Jimi Hendrix-Jimi Page-Ray Vaughan em "Deep". Puro blues com efeitos loucos de guitarra. Perfeito pra ouvir ao encher a cara.

"Release Master/Slave" fecha este incrível álbum que marcou a década de 1990. Ela soa como um clamor por liberdade. É quase ecumênico, com vozes carregadas de emoção. A parte condizente ao master/slave é a introdução do disco, só que um pouco mais longa, terminando em fade.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Sevendust - Home (1999)
















Não tão popular aqui no Brasil, o Sevendust é uma banda de New Metal (ou Metal Alternativo, como você preferir) formada lá pelos idos de 1994 em Atlanta, Georgia. Desde então a banda conseguiu um público fiel nos Estados Unidos, junto em meio à febre do nu-metal no fim dos anos 90/ começo de 2000.

E talvez já fosse hora ou já passou da hora desses rapazes terem maior respeito na mídia e do público metaleiro, que cultiva uma espécie de preconceito com artistas desse estilo.

Mas bem, Home é o segundo álbum da banda, e traz um som um pouco mais comercial, comparado ao Sevendust, disco de estreia lançado em 1997. Porém não no sentido pejorativo da palavra, mas a maior parte das músicas têm refrões bem interessantes e um pouco menos de sujeira, embora ainda bem pesado.

Exemplo de peso vem logo na faixa-título, que é a que abre o disco. Afinação bem baixa de guitarra, um groove bem pesado. O cantor Lajon Witherspoon mostra que sabe ponderar entre vocais melódicos bem cantados e algo bem grosseiro, gutural.

Já o peso do nu-metal vem com tudo em "Denial", música mais conhecida da banda e do disco. Destaque para o refrão: é bem colante.

"Headtrip" tem uma pegada funk-metal, com um riff de arrepiar. Os backing vocals do guitarrista Clint Lowery e do poderoso baterista Morgam Rose dão um ar de ataque quase que esquizofrênico à música. De qualidade. 

"Insecure" é um breve fraseado de guitarra, como se fosse um mantra, que passa de bate-pronto para "Reconnect". Esta é bem pesada, com uma certa influência alternativa e Lajon sobrepondo sua voz inconfundível. É bem bonito.

"Waffle" também é um dos sucessos da banda, com boa rotação na MTV americana na época. É puro nu-metal, com vocais lembrando um pouco do Living Colour. O refrão é perfeito. Lajon e Morgan fazem um dueto bem legal aqui.

"Rumble Fish" (também chamada de "Assdrop") entra porrando tudo. Vocais guturais compactuam com melodia no refrão. Tudo com muita personalidade.

"Licking Cream" merecia ter maior espaço nas rádios e na MTV. Com participação especial da cantora Deboran "Skin", do Skunk Anansie, essa faixa tem um dos duetos mais bonitos entre homem e mulher. Pelo menos um dos melhores já feitos no mundo do Rock. É emocionante!

"Grasp" fala sobre relacionamento, nada ridículo, porém nada deprimido. É o momento mais brando do álbum, com refrão pesado e versos quase que em R&B. Também outra música de qualidade do Sevendust que merecia mais espaço do que gente como Limp Bizkit ou Powerman 5000. 

A porrada estanca em "Crumbled". É a mais pesada, com refrão berrado, supergroove. Destaque para o momento que Morgan lidera o vocal e desce o braço: é de fazer você pular e dar mosh do armário!

Talvez "Feel So" tenha uma letra um tanto clichê, com excesso de niilismo. Aqui também Sevendust se mostra diferente da maioria das bandas de new-metal da época, sabendo mesclar influências de Helmet, Living Colour, Kings X e fazendo algo próprio.

Fechando disco, "Bender" conta com a participação do vocalista do Deftones, Chino Moreno. Ele e Morgan das baquetas abrem o berreiro nessa faixa, um tanto inusitada por sinal. Lajon aparece mais nos versos finais e backing vocals no refrão. O que é indescritível é uma sonora no fim da música. Não dá para entender se é um gato gritando ou uma fita acelerada de alguém falando.

Sem dúvidas, esse disco merecia maior reconhecimento, assim como o Sevendust em si.

sábado, 2 de junho de 2012

Ozzy Osbourne - No More Tears (1991)
















Na opinião do próprio Ozzy, esse disco é um dos melhores de sua carreira solo. Vindo de um período muito turbulento de sua vida - tentativa de estrangulamento de sua esposa, Sharon Osbourne em 1989; brigas sérias com o produtor Roy Thomas durante a turnê No Rest For the Wicked e caso na Justiça americana por parte dos pais de dois adolescentes que cometeram suício sob influência da música "Suicide Solution", do disco Blizzard of Ozz - No More Tears aparece como uma reflexão dessa época sombria e complicada da vida do cantor.

Como fã, vou me dar o direito de dizer que o ano de 2004 sem dúvida não teria sido o mesmo se não fossem aquelas manhãs ou tardes após o colégio, onde eu tacava a mochila num canto e botava esse disco no talo! Os solos de Zakk Wylde ajudaram e muito para que aquela época fosse uma das melhores de minha vida. Aposto que muito rockeiro viveu isso. Essas coisas maravilhosas não voltam, né? Mas bem, voltemos a resenha. 

Ao que mostra, toda essa reflexão ajudou a gravar um baita dum puta álbum de hard rock, com solos incríveis do grande Zakk Wylde. No More Tears na época estreou no Top 10 dos EUA e Top 20 na Inglaterra. Sem contar sua popularidade nas rádios e na MTV pelo mundo inteiro com o clipe da faixa-título e outras como "Mama, I'm Coming Home" e "Hellraiser".

"Mr. TinkerTrain" abre o disco com uma passagem de crianças brincando num parque ao som de uma canção de ninar. Isso para explodir em um baita rock n roll com guitarras gritando bem alto, fazendo um riff digno de levantar estádio!

Tirando o fôlego dos fãs, "I Don't to The Change the World" entra rasgando com um riff cheio de adrenalina. Ozzy nessa música mostra o quanto está satisfeito em ser ele mesmo. Zakk Wylde mais vez mostra o por quê de ser um dos maiores guitarristas do mundo com um solo incrível.

"Mama, I'm Coming Home", já citada nesta resenha, é uma balada açucarada, que nada mais é uma reflexão do Ozzy sobre sua vida de excessos. Lemmy Kilmister do Motorhead contribuiu com algumas letras nessa faixa. 

Talvez "Desire" seja meio clichê, mas não deixa de fazer você cantar o refrão junto. Agora, a faixa-título "No More Tears" fica para os anais do mundo do Rock. Não à toa fez sucesso mundial e é uma das músicas mais conhecidas da carreira do Ozzy, ela abre com um arranjo de baixo criado por Mike Inez (que em 1993 viria a ser baixista do Alice in Chains) que fica na cabeça. A guitarra do Zakk fala por si própria, com um riff bem pesado e alucinante. Mas o que chama a atenção mesmo é o refrão, que é quase um hino e por um momento onde entra um piano dando maior dramaticidade. O solo dispensa comentários.

"S.I.N" tem um refrão que faz qualquer um pular, cantar e até dançar. Tudo nessa música é emocionante. Existem poucas coisas assim no Rock.


"Hellraiser" é pesada e tem uma narrativa bem interessante. É quase uma ode, uma festa em homenagem ao Rock n Roll e a vida na estrada. Lemmy também ajudou a escrever essa letra e Zakk executa toda sua técnica em um solo que poucos sabem fazer.


A mesma coisa em "Time After Time". Uma balada bem hard rock anos 80, que faz todo mundo acender o isqueiro. Muita bonita por sinal.


"Zombie Stomp" tem um pouco aquela coisa caricata das bandas dos anos 80. Já "A.V.H" (uma sigla para Alcohol, Valium and Hashish) é fenomenal. Com um violão blues no começo, o som alto e pesado arrebenta tudo na penúltima faixa. Refrão levanta-estádio e solo épico são os motivos dessa música ser o que é.


Fechando o disco, a emocionante "Road to Nowhere" é mais uma reflexão de Ozzy sobre os seus problemas passados.


No More Tears foi relançado em 1992 e 2002. Essa última tiragem vem com as faixas bônus "Don't Blame Me" e "Party with the Animals".