terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Lobão - Sob o Sol de Parador (1989)
















Eis mais um ótimo disco do Lobão. Nessa época, a base que acompanhava o cantor era a banda Os Presidentes - formada pelo incrível Rodrigo Santos no baixo, o lendário Kadu Menezes na bateria, os mestres Alcir Explosão e Ivo Meirelles da Estação Primeira da Mangueira na percussão e o guitarrista-solo Nani Dias.

Sob O Sol de Parador é o quinto disco do Lobão e tem elementos desde country music até punk e heavy metal. Gravado em Los Angeles , o álbum foi produzido pelo Liminha e é o segundo a conter a participação do núcleo de bateria da Mangueira (a primeira vez foi no antecessor Cuidado! em 1988 - em breve será resenhado aqui também).

O disco já abre pra cima com "Panamericana", um baita rock n roll com pegada forte nos acordes. A letra é incrível e fala do cenário político-social da América Latina. Uma bela crítica e visão.

"Quem Quer Votar" é puro punk rock, com influência do punk paulista dos anos 80. Com bons improvisos de baixo no refrão, a música tem um coro impecável e letra recheada de cunho político. Total Inocentes, Garotos Podres, entre outros.

"Essa Noite Não" é o maior sucesso desse disco. A canção ocupou as rádios e paradas de sucesso em 1989. É uma balada com tom brejeiro, solos praianos, uma coisa bem calma. Essa música voltaria as paradas em 2007 quando Lobão a regravaria em seu disco Lobão Acústico.

"Um Bobo Pra Cristo" é pesada, com solos de saxofone de Zé Luis, amigo longa-data do Lobo. Kadu desce o braço na bateria, é cada porrada que ele dá na caixa...A letra em si poderia ser o cantor brincando com o fato dele ter sido preso e perseguido por juízes e até pelo então presidente José Sarney? Tirem suas próprias conclusões.

"E o Vento Te Levou" é heavy metal. Pesada, começa com um belo arranjo de violão e parte para um clima mais sombrio, algo lembrando Motley Crue. Ela fala do já finado e desgastado relacionamento com a atriz Daniele Daumerie. Destaque para o solo que Nani faz! O refrão é lindo!

"Azul e Amarelo" é uma linda canção do Cartola que o cantor regravou. Com jeitão latino-salsa, é puramente MPB com saxofones e percussão. Poderia estar em algum disco de Fafá de Belém.

"Uma Dose a Mais" tem momentos pesados e austeros, mas na maior parte é rock mais suave com Zé Luiz arrebentando no sax.

A country music e bluegrass dominam em "Lipstick Overdose". É engraçada. E o refrão vicia! "Sexy Sua" é um blues-erótico a la Robert Palmer com um momento heavy metal onde mais uma vez Nani mostra sua técnica e velocidade. Música para fazer sexo. Ou para dançarinas fazerem strip no pole dance.

O álbum fecha com a balada "Toda Nossa Vontade". Com piano e tom de John Lennon, a canção é como se fosse uma despedida.

Aqui segue uma entrevista de 1989 no programa do Jô Soares onde Lobão toca em voz/violão "Quem Vai Votar". Confira:







quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Lobão - Vida Bandida (1987)















Esse com certeza foi um dos discos mais importantes na década de 1980 para o rock nacional em si e o de maior repercussão do Lobão.

Vida Bandida é o terceiro álbum do músico e foi gravado em meio a época mais turbulenta de sua carreira: quando foi preso por uma quantia risível de maconha. A citada importância deste disco foi porque no ano de lançamento vendeu aproximadamente 350.000 cópias (até mais se duvidar!); uma verdadeira proeza em termos de rock no Brasil, lugar onde vender 100.000 cópias é motivo de abrir champagne e sendo que esse tipo de música não é muito popular aqui (apesar de que naquele tempo o rock estava super em alta).


Quatro das 10 músicas do álbum ocuparam os primeiros lugares nas rádios do segmento. A turnê que se sucedeu vendeu horrores de bilheteria, com estádios, casa de shows lotadíssimos. Mas com todo o sucesso, veio a perseguição que Lobão teve de enfrentar por parte da polícia, juízes e mídia que tentavam sabotar seus shows e/ou vasculhar motivos para colocá-lo novamente na cadeia.

Por durante três meses, o cantor teve que conciliar os horários de gravações com a sua estadia na cadeia. Era liberdade condicional - retornava à noite sempre. E de fato, por estar passando por muita pressão e estresse, acabou que essas emoções transpassaram por sua voz. Ela está mais grave, um tanto mais agressiva. O disco em si tem mais peso do que O Rock Errou e tem contribuições do baixista/poeta/escritor Bernardo Vilhena em várias letras. A bateria foi gravada por ele mesmo, coisa que não fazia desde Cena de Cinema. Tudo isso produzido pelo lendário Marcelo Sussekind.

A faixa-título abre o álbum rasgando tudo! É sem dúvida um dos grandes sucessos dele - talvez o maior. Como ele mesmo relata, a letra era dum poema que o Bernando publicou nos anos 70 chamado Atualidades Atlântida. Com peso hard rock e levada suingada, meio sambista, juntou a música ao poema, e foram feitas algumas repetições de palavras (coisa de baterista): "Chutou a cara do cara, a cara do cara caído/ Traiu o seu melhor, o seu melhor amigo..." Aqui o cantor fez uma homenagem ao pessoal da cela 11 ("Aí galera da onze!"), local ficou preso no primeiro mês. O refrão "Vida! Vida, vida, vida, vida bandida!" é um verdadeiro hino, um grito de guerra. Um clássico do rock nacional.

"Da Natureza dos Lobos" tem bateria forte. Ela oscila em momentos calmos com vocais que lembram algo em torno de Rita Lee e de rock n rolla la Jethro Tull.


As guitarras cheias de chorus em "Nem Bem, Nem Mal" dão total cara de rock anos 80 à essa música. Este efeito foi exaustivamente usado naquela década por quase todas as bandas de rock no mundo inteiro, a ponto de criar uma identidade inconfundível. Aqui o Lobão deu um toque até bem americano. Mesmo se você a ouvir hoje desavisado(a), vai conseguir deduzir que no mínimo foi gravada há uns 25 anos atrás. O refrão é viciante!

"Soldier Lips" é em inglês. Um blues bem ao estilo danceteria, meio erótico. Tem vocais femininos ajudando no refrão e guitarras ao fundo arrebentando.


"Girassóis do Mundo" tem balanço mpb, meio salsa, com percussão e arranjos de saxofone que dão toda a graça à música. Poderia estar em algum disco do Caetano Veloso ou Gilberto Gil. "Esse Mundo que eu Vivo" faz lembrar alguma coisa do Billy Idol, Sessão da Tarde(???).
É puramente hard rock.

Muitas pessoas pensam que "Vida Louca Vida" é do Cazuza, mas não. Com riff lembrando um pouco de Van Halen, o refrão levanta-estádio é um marco . "Tudo Veludo" é música pra dançar junto com a namorada em um baile de formatura. É uma balada que abre com um belo solo e letra retratando certa tristeza romântica.

O hit "Rádio Bla" abre com saxofone e ar latino suave, pra depois virar rock/pop.
A letra é em parceria do vocalista do Hanói-Hanói Arnaldo Brandão, Lobão e o poeta Tavinho Paes. Grande momento do álbum.

O disco fecha com "Chorando no Campo", uma canção voz/violão e efeitos de teclado. Aqui Lobão tenta mesclar folk com choro e mostra como é bom compositor, com letra romântica e acordes muito bonitos. Essa música ocupou também as paradas de sucesso por entre 1987-89.

Sem dúvida é um clássico pra se ter na prateleira!



quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Lobão - O Rock Errou(1986)















O Rock Errou é segundo disco solo do Lobão. Muitos acham que este é o terceiro devido ao Ronaldo Foi Pra Guerra, lançado enquanto o cantor estava na banda Lobão E Os Ronaldos. Embora o cantor afirme de maneira veemente que Hebert Vianna copiou o conceito e timbre de voz de seus álbuns, O Rock Errou tem características de jazz e guitarras pesadas; diferenciando do ska abrasileirado dos Paralamas.

A foto da capa foi uma sessão fotográfica onde ele e sua prima (que mais tarde viraria a ser sua esposa por 4 anos), a atriz Daniele Daumerie fizeram. O álbum abre com uma faixa instrumental que exala algo dark anos 80. A faixa-título vem em seguida, com certo tom de protesto e leve pegada punk. Como ele mesmo diz, esse título é uma espécie de "recado" para Hebert Vianna.

"A Voz da Razão" é um samba com arranjo de metais e Lobão empostando a voz, isso tudo com participação especialíssima da Elza Soares. É um tanto cômico.

"Baby Lonest" tem uma letra a La Jack Kerouac, algo bem "na estrada" de ser. Uma pitada de hardcore no refrão, as guitarras gritam no final. "Spray Jet" tem suingue funkeado. Dá pra perceber uma coisa meio "Ben Jor" nessa música. Suinge brasileiro dos anos 80.

"Moonlight Paranóia" entra com um clima bem suave em um arranjo bonito. Com a Daniele fazendo backing, os vocais lembram algo em torno de 14 Bis, Rita Lee. Guitarras cheias de efeitos como chorus, reverberização e belo solo gritante.

"Revanche" é um dos carro-chefes desse disco e da carreira do Lobão em si. Com melancolia e atmosfera mais obscura, é uma balada que retrata a dura realidade do trabalhador humilde do Brasil. O solo de abertura gravado pelo guitarrista Mariano Martinez é emocionante!

"Noite e Dia" na verdade foi gravada enquanto o cantor estava na banda Lobão e Os Ronaldos. Foi escrita em parceria com o falecido Júlio Barroso, ex-vocalista do Gang 90.
É uma espécie de soft-rock cheia de fraseados bluesísticos de guitarra. Um dos maiores sucessos do Lobo. "Canos Silenciosos" ataca a polícia e a censura da época ("homens, fardas, cacetetes e camburões/abusando da lei com suas poderosas credenciais). Um dos grandes hits do disco, é puro rock dançante com solo esquizofrênico, e Lobão fazendo cacoetes no fim da música. 


"Glória(Junkie Bacana)" tem sotaque blues-jazzístico, totalmente anos 80. A letra é uma parceria dele com um dos seus melhores amigos, o grande Cazuza. O título é em homenagem à irmã do Lobão.

O disco fecha com "Click". Outra música com suinge jazz-soul com certo charme e solos de blues. Clima suave e viajante, perfeito pra fazer sexo, fumar um cigarro, tomar um whisky, etc.


Segue embaixo o clipe de "Canos Silenciosos":

sábado, 24 de novembro de 2012

Helmet - Aftertaste (1997)
















Este é o último álbum do Helmet com a formação clássica que os fãs mais ortodoxos amam: o eterno Page Hamilton, junto dos incríveis John Stainer e Henry Bogdam.

Aftertaste, diferente dos anteriores, foi gravado somente por esse trio. O guitarrista Rob Echeverria sairia da banda em 1996 para seguir carreira com o Biohazard. Sendo assim, eles resolveram adotar uma guitarra-base somente nos shows; função que foi ocupada por Chris Traynor.

Produzido por David Sardy e a banda, este álbum é ponto de divergência entre os fãs. Alguns aclamam como o melhor álbum da banda, em contrapartida de outros que acham este um fiasco. Talvez em termos de vendas tenha sido um tanto frustrante mesmo: não vendeu mais de 500.000 cópias.

Em termos de som, o disco traz a indumentária Helmet de ser: riffs stacatto, guitarra em D (ré) aberto (quando os acordes podem ser feitos por um dedo somente). O que pode ser destacado aqui é afinação da bateria de Stanier, cujo som se encontra mais denso, não tão alto e chamativo como em Betty. E talvez porque esse álbum esteja mais tendencioso para o rock alternativo do que nunca. Todas as composições são por parte do tio Hamilton, exceto pelas faixas "Renovation" e "Insatiable" que foram feitas pela banda inteira.

O disco já abre com a poderosa "Pure". Faixa pra fazer qualquer fã pular. Em seguida vem "Renovation", que sem dúvida é uma melhores canções desse álbum e do Helmet em si. Ela traz um ar meio "punk Bad Religion" de ser e um refrão muito bom.

"Exactly What You Wanted" foi a única música do álbum que foi feito um videoclip. Com uma pegada bem alternative-metal, ela recebeu maior atenção nas rádios e na MTV. O clip contém várias filmagens de shows da banda. É bem legal.

"Like I Care" começa com um riff delicioso de baixo do Bogdam, em sincronia com a bateria. Ela explode quando as guitarras entram e dão vazão à um refrão bem gostoso, um tanto lisérgico.

"Driving Nowhere" é puramente alternativa. Mas talvez o ponto negativo nessa música seja que ao vivo ela soava bem mais pesada e enérgica do que no disco. Em alguns shows na turnê do álbum percebe-se esse detalhe.

"Birth Defect" é bem porradeira e tem uma letra muito interessante. Fala sobre lidar com pessoas diferentes e o refrão tem versos geniais: "I'd rather be insulted by you than someone i respect/ if i don't share the same view, it's just my birth defect" (Eu prefiro ser insultado por você do que por alguém que eu respeito/ se eu não partilho da mesma opinião, é apenas meu defeito de nascença).

"Broadcast Emotion" é uma das melhores. Temos um rock alternativo bem arrastado, com uma certa sonoridade grunge. A banda nessa faixa e em várias outras optam por solos de guitarra bem simples e viajantes, diferente da barulheira desgracenta familiar do Helmet.

Talvez o momento que abrange "It's So Easy to Get Bored" e "Diet Aftertaste" seja o menos brilhante do álbum. Na primeira temos metal alternativo arrastado um tanto maçante. Na segunda temos um vocal um tanto quanto estranho do Hamilton, mas com um peso mais agitado.

Já "Harmless" é punk porrada. É digna de roda nos shows. A abertura é viciante e o riff e vocais são incríveis. Detalhe para as viradas e um pequeno solo de bateria do mestre John Stanier. É pra sacudir a cabeça.

"(High) Visibility" tem ar até engraçado. É legal de ver como o peso entra na música. Começa o baixo, bateria e voz bem calmos pra logo mais a guitarra entrar rasgando tudo.

"Insatiable" é soco na cara. É pra escutar no máximo e saltar do armário. Riff pesado, vocal insano e refrão equizofrênico. Uma das melhores também.

O álbum fecha em grande estilo. "Crisis King" é puro punk, com riff rasgante e simples. A adrenalina come solta aqui. E John Stanier mais uma vez desce o braço na batera com um solo eletrizante. A finalização que é a nata: Page Hamilton gritando e uma massa de microfonia e barulho, que inclui até áudio de televisão.

Após Aftertaste, o Helmet faria uma turnê até em meados de 1998 e encerraria as atividades até 2004, quando voltou com Page Hamilton sendo o único membro original/fundador.

Aqui segue o clip de "Exactly What You Wanted":

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Butthole Surfers - Double Live (1989)














Eis aqui um álbum para quem é fã se deliciar, e para quem não conhece o som dos malucos do Butthole Surfers ter uma ideia do que a banda fazia na década de 80.

Double Live foi gravado em várias apresentações durante a turnê promocional de 1988 do quarto disco deles Hairway to Steven. Foi o primeiro álbum a ser lançado pelo selo Latino Buggerveil, fundado pela própria banda.

Lançado em vinil e mais tarde em formato CD duplo, o álbum contém 23 faixas que demostram a loucura bem humorada, caos e energia que eram os shows do BHS. No disco 1 tem canções com o lado mais psicodélico-country-experimental da banda, com faixas como "Too Parter", "Psychedelic Jam", "Rocky", a hilária "Florida", "John E. Smoke", entre outras. A cover do R.E.M "The One I Love" também merece respeito.

O disco 2 já traz o lado mais porrada da banda. Gibby Haynes e sua loucura imperam em "Graveyard", com um discurso indecente e retardado após a faixa, mas não menos engraçado! O interessante é ver como que apesar de ser somente áudio e não vídeo, percebe-se a interação do público.

Em momentos como "Sweatloaf", "Backass", "Paranoid" e "22 Going 23" a banda mostra seu peso, experimentalismo e atitude, e o por quê de ter feito tanto sucesso no meio underground universitário americano na época. Mas talvez o ápice do álbum seja a barulheira infernal em "Jimi" e "Lou Reed".

Sendo editadas como uma faixa só, o peso come solto por quase 20 minutos de puro noise heavy metal caótico. Mas é barulho mesmo! Dá pra sentir a perversidade da banda em exalar destruição sonora, com um timbre de baixo super distorcido do Jeff Pinkus, sons insanos da guitarra de Paul Leary, efeitos vocais satânicos de Gibby, fora a dupla Teresa Nervosa e King Coffey quebrando tudo na percussão sincronizada. Com certeza quem dizia que Metallica ou Iron Maiden eram peso-pesados nos  anos 80 é porque nunca ouviu esse registro do Butthole Surfers!

A capa é uma foto da então dançarina da banda, Kathleen The Shit Lady. Ela se apresentava vestida de E.T. Nada tão Butthole Surfer de ser como uma capa desta. 

Pra quem não conhece a banda, é um bom disco para se ter na prateleira e ter uma noção real da insanidade desses texanos.

sábado, 22 de setembro de 2012

Novo disco ao vivo do Motörhead!










Um dos grandes expoentes do rock n roll-punk-metal, o divino Motörhead, faz lançamento no dia 22 de outubro do seu novo álbum The World is Ours - Vol 2 - Anyplace Crazy as Anywhere Else, dando prosseguimento ao The World is Ours - Vol 1 - Everywhere Further Than Everyplace Else, lançado em 2011.

O novo disco virá com material gravado da turnê "The World is Yours", incluindo gravações ao vivo de festivais que aconteceram no ano passado, como no Wacken Open Air, Sonisphere e até algumas performances realizadas no Rock In Rio 2011.

Como promoção comercial do novo trabalho, a banda tem datas marcadas a partir de novembro para uma turnê de um mês pela Europa. As informações são do site The Gauntlet.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Barão Vermelho - Barão Vermelho 2 (1983)
















Para o rock nacional, sem dúvida, esse disco é um dos mais importantes. Aqui temos um verdadeiro amadurecimento em termos de produção e da banda em si.
 

Com arranjos de guitarra e piano bem melhores do que no primeiro álbum, Barão Vermelho 2 contou com a assistência dos produtores Ezequiel Neves - quase que o sexto membro da banda - e o inglês Andy P. Mills. Apesar da vendagem pífia, o álbum conseguiu levar o grupo ao estrelato nacional, emplacando sucessos como "Pro Dia Nascer Feliz", "Carente Profissional" e devido à atitude e voz rouca do Cazuza, um jovem rockeiro playboy que tinha um talento absurdo para escrever poesias influenciadas por Janis Joplin, Rolling Stones, Jack Kerouac, entre outros.

A faixa de abertura é "Menina Mimada". Tem uma introdução com arranjos progressivos de teclado, algo que lembra muito as vinhetas do Fantástico nos anos 80. Em seguida entra um rock n roll a la Rolling Stones-Kiss e Cazuza rasgando em letras sobre uma menina boba.
 

"O Que a Gente Quiser" também mantém os teclados ao fundo, mas trazendo uma guitarra mais pesada. Frejat mostra sua influência bluesística em um belo solo aqui.

"Vem Comigo" é o tipo de música bem ao estilo Cazuza: sacana e lasciva. Com pegada Jerry Lee Lewis, a poesia mescla com o rock n roll, com arranjos de saxofone por Oberdan Magalhães. "Bicho Humano" é pra fazer pular. É um rock n roll com bons arranjos que fala sobre ser humano virar bicho na hora H. Coisas do Cajú.

"Largado no Mundo" é um blues delicioso, somente voz e violão. Versos como: "Chiquita bacana/Aurora em Copacabana" só aumentam o sentimento de liberdade e o orgulho de quem a escreveu por estar na década de 80. O solo e os fraseados de gaita executados pelo lendário músico carioca Zé da Gaita dão um toque mágico à música. É lindo.

"Carne de Pescoço" começa com um áudio de um show e entra um belo riff de guitarra do Frejat, com influências de Mutantes, Led Zeppelin, Deep Purple. Engraçado que como o rock da década de 80 realmente soube imprimir as gírias e todo o ar da galera que viveu a época.
Só ouvindo pra perceber.

Sem dúvida "Pro Dia Nascer Feliz" foi a música carro-chefe do disco e da banda em si. Mesmo depois que fora do Barão, Cazuza sempre cantava essa música em seus shows.
Se formos citar algo que representou a juventude e a música nos anos de 1980 em nosso país, essa faixa talvez tenha sido "o" grande sucesso daquele tempo. O refrão é o grande trunfo: um hino de guerra.

"Manhã Sem Sono" tem influências latinas, com percussão de tambores ao fundo tocados pelo grande Peninha, que a partir de então viria a ser um novo membro da banda.

"Carente Profissional" tem um belo refrão, com vocal rouco e sibilar de língua, um dos hinos do Barão. O solo é de arrebentar.

O disco fecha com "Blues do Iniciante". É um belo arranjo blueseiro de piano feito por Maurício Barros, com bastante sentimentalismo e Cazuza com seu jeito teatral não-linear de cantar.

Aqui vemos praticamente um registro de uma juventude querendo sair da ditadura e criar uma identidade sua através do rock. De fato, percebe-se um pouco da ingenuidade que
existia na atmosfera nessa época, tanto na música como na cabeça das pessoas até então. Bons tempos do rock nacional.

domingo, 8 de julho de 2012

Napalm Death - Fear, Emptiness, Despair (1994)















Fear, Emptiness and Despair é o quinto álbum dos ingleses do Napalm Death, banda cuja qual é considerada criadora do "grindcore", que é definitivamente o tipo de música mais violenta e infernal que existe. O resultado geral desse trabalho é positivo. Vemos aqui um verdadeiro amadurecimento da banda, se formos comparar com o "Utopia Banished" (1992) ou com o destruidor "From Enslavement to Obliteration" (1988).

Aqui os arranjos e composições estão mais detalhados, riffs mais interessantes e matadores. Obviamente não largando as famosas blast-beats, o Napalm dessa vez mesclou suas características extremistas com um pouco mais de sabedoria, técnica: é basicamente uma mistura de death metal com grindcore e vocais guturais diabólicos do louco Mark Greenway.

De cara a implacável "Twist the Knife(Slowly)" começa quebrando tudo e mostrando um lado mais variado da banda em termos de mudança de ritmos e riffs. "Hung" é outra faixa que também mostra esse approach death-metal quebrado dos caras, só que mesclando com as destruidoras blast-beats de Danny Herrera.

"Remain Nameless" tem uma bela variação de riffs, com uma pegada mais hardcore ao estilo Carcass-Morbid Angel de ser. A mesma coisa acontece em "Plague Rages", que tem um belo refrão e sessões blast. É uma das faixas que tiveram videoclip rolando no Fúria MTV.

"More Than Meets The Eyes" mostra realmente que o Napalm Death pode ser pesado, porém palatável. O foco nessa música - assim no disco inteiro - é fazer uma sonzeira pesadíssima, porém legal e mais elaborada, sem ir diretamente à mais pura estupidez. Uma das melhores que eles já fizeram.

"Primed Time" é um verdadeiro soco na cara. A barulheira infernal impera junto de letras apocalípticas, o mundo como uma desgraça e a humanidade como uma grande corja de porcos egoístas: coisa que os caras são especialistas em falar.

Aqui também temos faixas mais experimentalistas como a incrível "State of Mind" e "Armagedon X 7". Batidas diferentes, pegada industrial e riffs de death metal são
adicionados ao requinte da banda. Mais um ponto para eles em termos de amadurecimento.

Uma das mais legais desse álbum também é "Retching on the Dirt". Riff matador, um groove legal, Danny Herrera oscilando em suinge e espancamento, fora Mark mostrando seu vocal grotesco. Reza a lenda que antes dos shows da banda, Mark passava xilocaína na garganta para poder aguentar fazer sua voz monstruosa por durante horas.
 
"Fasting on Deception" e "Throwaway" mostram o mais puro groove-death-metal e sessões blast, só para ratificar uma nova tendência a ser explorada pela banda.

"Truth Drug" fecha o disco com muita personalidade e chute no ouvido dos fãs. Talvez o Sepultura e Pantera não fossem tão pesados e agressivos nessa época como o Napalm Death.  

E provavelmente quem ouvir e analisar vai perceber que bandas como Slipknot, Lamb of God, Hatebreed, Extreme Noise Terror, Locust, entre muitos outros foram e são fortemente influenciados pelo som destruidor dessa banda. Verdadeiros pioneiros em música brutal.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Helmet - Betty (1994)















Talvez injustamente este não é o álbum que mais vendeu da banda nova-iorquina de metal-alternativo-noise-groove (chame como quiser) Helmet. Betty de longe marca o ápice deles, trazendo a famosa tendência "mais do mesmo" (são artistas q fazem música sempre girando em torno dos mesmos arranjos, tons), porém fazendo sempre os fãs quererem mais.
 

E mais uma vez irei me dar ao direito de opinar e dizer o quanto foi importante esse disco na minha vida. Sem dúvida, deve ter sido um dos discos - senão "o" mais - que mais amei e curti, até porque o ano de 2003 não teriam sido o mesmo sem músicas como "Clean", "Street Crab" e outras que fizeram trilha sonora em uma época de ouro pra mim (foi quando tive meu primeiro namoro, minha primeira banda, cabelo comprido, etc.). Mas bem, voltemos.

Aqui eles também deixam sua marca no mundo metaleiro com uma bateria incrível afinada em tom mais alto, lembrando um pouco das percussões usadas no reggae-surf music-ska, até em escola de samba. Tudo isso ministrado pelo mestre das baquetas John Stanier.


Betty obviamente traz o peso esmagador e estridente das guitarras de Page Hamilton e Rob Echeverria (ex-Rest In Pieces), que gravou somente este disco com a banda, em seguida saindo em 1996 para seguir carreira com o Biohazard.

De cara temos a porradeira e pulsante "Wilma's Rainbow", com um riff simples, porém abrasivo, pesado. Nota-se também que Page melhorou sua forma de cantar, mais empostada e forte. O videoclipe é a maior viagem. "I Know" é a segunda e mostra que o Helmet estava afim era de fazer os fãs baterem cabeça e suarem. De maneira esplendorosa, Stanier puxa uma batida funkeada impecavél, digna de mestre mesmo, para culminar em guitarras afinadas meio-tom abaixo do que a banda costuma tocar. É pura porrada, com Page gritando e rosnando. É um momento incrível.

Em "Biscuits for Smut" nota-se grande influência de funk-metal. A banda exibe seu lado experimental com um groove a la skatista, que lembra gente como Unsane e Primus. Destaque para Stanier quebrando tudo após o solo "total noise".

De bate-pronto "Milquetoast" - trilha sonora do filme O Corvo (1994) - entra com tudo. O riff é insano, e o baixista Henry Bogdam mostra grande presença nas estrofes. Mas a melhor parte é a finalização, onde a guitarra estridente de Page faz barulho de maneira bonita.


"Tic" tem uma narrativa interessante: fala do padrão de beleza das top models americanas. E Page parece um bêbado no meio da rua dando esporro para o ar. O baixo no refrão merece atenção. Já "Rollo" foi uma das poucas músicas compostas por Henry. Essa pra fazer qualquer um pular e dar mosh do telhado de casa, com um riff matador e a bateria reverberizando com uma pegada funk-metal de ser.
 

E a bateria estala mais ainda em "Street Crab". É metal, porém gostoso de ser ouvir. É quase inexplicável o que acontece nessa música. O refrão é lindo, talvez um dos melhores já feitos pela banda. "Clean" fala novamente sobre beleza americana, com um ar suingado-pesado. Nota-se o quanto de black music John deve ter escutado.

"Vaccination" é puro metal-alternativo, com certo humor no ar. Destaque para uma sessão quebrada após refrão: Stanier mais vez dá um show!
 

Muitas pessoas na época de lançamento acharam que "Beautiful Love" era uma homenagem de Page Hamilton ao famoso músico de jazz Dizzie Gilliespie. Na verdade eles fazem
uma brincadeira aqui. Um belo e suave solo jazzístico que é imerso em uma nuvem de mais pura barulheira sem nexo.

As faixas "Speechless" e "Overrated" têm muito em comum: em ambas John
(mais uma vez) arrebenta na bateria, as guitarras estão afinadas em C# (Dó sustenido) e, aparentemente, Page resolveu abordar o tema separação. Provavelmente porque ele estava passando por problemas como o fim de seu casamento na época. Destaque na segunda citada, grande finalização recheada de pura guitarra noise.

As mais experimentais deste álbum são "The Silver Haiwaiian" e "Sam Hell". Com certo humor, na primeira parece que Page incarnou um personagem esquisito que faz uma narrativa ao som de uma batida hip-hop. 


Já na outra, que por sinal fecha o disco, a banda resolveu gravar um blues-caipira com um banjo elétrico, para dar um ar sulista. Por ora engraçado, a voz emula um roceiro americano. É um outro lado do Helmet que os fãs certamente não estavam acostumados, mas que valeu conhecer.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Faith No More - Angel Dust (1992)
















Vindo de uma boa época, que incluiu turnê mundial com uma apresentação impactante pelo Rock In Rio 2, prêmios da MTV pelos videoclips de "Epic" e "Falling To Pieces", milhões de cópias vendidas do clássico The Real Thing e um vocalista como Mike Patton que atrairia a atenção feminina mundial, o Faith No More resolveu radicalizar e fazer o som que deu na telha aqui.

Angel Dust foi muito aguardado pela mídia, principalmente aqui no Brasil, lugar onde a banda tomou grande intimidade com o nosso povo. Mas talvez quem comprou este álbum achando encontrar uma espécie de "The Real Thing 2", estava enganado. Por começar pelo título: "angel dust" é uma droga terrível que causa alucinações, esquizofrenia e até a morte.

 A capa linda do cisne contrasta com a contracapa de uma vaca decapitada em um açougue.
E aqui os caras largaram um pouco da imagem redhotchillipepperiana e criaram um estilo que gente como Deftones, Korn e Disturbed se inspirariam. Também começaram
a haver problemas com os integrantes, como o guitarrista Jim Martin somente ter gravado uma música, fazendo o baixista Billy Gould ter de gravar boa parte das guitarras.

O disco é mais pesado, mais louco e mais eclético que seu antecessor. Vão coisas como desde a baladinha adocicada "Easy", um cover dos Commodores até uma porradeira esquizofrênica-psicótica-industrial como "Malpractice". Já na primeira música, "Land of Sunshine" vem como uma epifania positiva sobre ter sorte na vida. Grande música. 
Em seguida "Caffeine" é puro heavy metal, com Patton cantado e berrando sobre seu vício em cafeína.

"Midlife Crisis" se tornou um dos maiores sucessos da banda: vocais rappeados, guitarras pesadas e samples de castanholas. "RV" é um som mais lisérgico, morgado, até engraçado que faz uma crítica a sociedade white-trash americana (seria como o zé-povinho de lá).

"Smaller and Smaller" fala sobre os índios americanos, com sessões ritualísticas e um belo solo de guitarra. "Everything's Ruined" junta o peso com baixo e bateria funkeados de uma maneira que saiu muito bonita. Um dos melhores momentos do Faith No More.

O mesmo acontece com um pouco de nostalgia em "Kindergarten", uma das melhores da banda. Em "Be Agressive" eles chamaram um grupo de cheerleaders para gravar o refrão. Ficou engraçado.

"A Small Victory" também foi um dos carro-chefes desse disco. Fez muito sucesso no Top 10 da MTV Brasil e americana em 1992. Mike Patton mostra versatilidade na sua voz, provando um grande amadurecimento no Angel Dust todo em si.

"Crack Hitler" é puro funk setentista com certo Q de disco-music. Interessante é que essa música foi escrita aqui no Brasil e a banda sofreu um processo de uma aeromoça brasileira por ter utilizado sua voz na introdução sem sua permissão. Coisa louca, né?

A única faixa gravada por Jim Martin foi "Jizzlobber". É a mais pesada do disco, com berros desesperados do sequelado Mike. A loucura culmina em um orgão de igreja que finaliza a faixa estranhamente.

"Midnight Cowboy" é uma cover de John Barry para o filme de mesmo nome da música. A caipirice e um tom de breguice imperam aqui. 

E fechando o álbum, a tão conhecida "Easy" vem para confundir a cabeça dos fãs mais metaleiros da banda. Por sinal, a versão do Faith No More fez tanto sucesso nos anos 90 que virou até trilha de novela da Globo, fazendo muito papai e mamãe achar FNM uma banda legal.


domingo, 17 de junho de 2012

Chi Cheng, do Deftones, hospitalizado novamente.















Apenas 2 dias depois de ter recebido alta do hospital em Nova Jersey, o baixista da banda americana de metal-alternativo Deftones, Chi Cheng, foi internado com sintomas de pneumonia. Chi ficou 3 anos sob estado de coma devido a um acidente de carro no final de 2008.

A mãe do músico, Jeanne Marie Cheng postou o seguinte em sua página no Facebook na sexta-feira (15):

"Ele mal chegou em casa ontem à noite de Nova Jersey e logo em seguida foi para o ER, com alguma coisa grave acontecendo! Pneumonia e alguma coisa mais. Nada bom!"

Algumas horas depois, Gina (assistente do site OneloveforChi.com) postou:

"Chi está na UTI sob três antibióticos para pneumonia. Pressão arterial e oxigênio estão baixos. Por favor, mande-nos ajuda."

Porém as notícias foram mais felizes neste domingo. " Mae ficou com Chi bastante tempo desde quando ele foi para a UTI, na quinta-feira. Hoje quando eu e Sal fomos vê-lo, ele pareceu bem melhor do que nós esperávamos. Estava consciente, sabendo do que estava acontecendo. Apesar do que ele ainda está no seguro de vida e não gostando muito de ter um tubo enfiado na garganta", comentou Jeanne Cheng.

Bem, enquanto isso nós da comunidade metaleira mundial ficamos torcendo por melhoras para Chi. As informações são do site TheGauntlet.com.

 

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Pearl Jam - Ten (1991)















É difícil logo no álbum de estreia uma banda conseguir tantas coisas como o Pearl Jam conseguiu. O incrível Ten foi gravado em menos de 1 ano de vida da banda e lhes rendeu sucesso mundial por quase uma década, através das rádios, revistas, MTV e da moda grunge que colou nos anos 90, em parte graças ao visual cabeludo-com-camisa de flanela dos caras.

O Pearl Jam veio como uma espécie de pós-Mother Love Bone - banda muito popular em Seattle que acabou após seu vocalista Andy Wood ter morrido de overdose em 1990.
O que aconteceu foi que os músicos remanescentes Jeff Ament e Stone Gossard, tristes pelo fim da banda e pela morte de seu amigo, resolveram fazer digamos um "último esforço". Deu certo.
 

Vindo da Califórnia, o carismático Eddie Vedder através de uma demo foi selecionado para ser o vocalista do que seria então o Pearl Jam. E nada como estrear uma carreira incrível lançando um puta álbum que virou febre.

De início, temos uma introdução meio ritualística, com sons até meditativos, que dá vazão ao mais puro hard rock cheio de energia em "Once". O refrão é perfeito.
Já impactando, a segunda faixa "Even Flow" virou um grande clássico da banda e da MTV nos anos 90 e 2000. 

"Alive" vem seguida, mostrando que desde os primórdios o Pearl Jam é uma banda que merece um bom espaço na história do Rock. É um hino, um baita rock com pegada country, que fala sobre um pouco da vida do Eddie, cujo nunca chegou a conhecer seu verdadeiro pai.

Em seguinda "Why Go Home" faz qualquer um pular. Um refrão incrível, guitarras pesadas e um baixo lancinante.

"Black" tem uma atmosfera bluesística-soft rock, com toques de guitarra distorcidas. Linda canção que seria executada até os dias de hoje por inúmeras bandas e músicos de bar pelo mundo inteiro.

"Jeremy" é uma narrativa sobre um caso verídico de um menino nos EUA que se matou na frente da sua turma de escola. Tão dramática como a temática, a aura misteriosa nessa música é cercada por um sons de violoncelo, guitarras pesadas, uivos angustiados de Eddie Vedder, que no vídeoclipe - exaustivamente exibido na MTV - mostra certa tristeza e desespero.

"Oceans" tem um clima mais relaxante, meio que em transe, hippie-praiano. Lembra um pouco de Patty Smith, Led Zeppelin em seus momentos de "viagem".

A emocionante "Porch" é um baita rock n roll, com solos influenciados por country-blues, que fala sobre a correria do mundo/estar com a pessoa amada. Coisa que o Pearl Jam é mestre.

"Garden" começa com um transe, um mantra que culmina em um refrão bem legal e um riff bem pesado. O solo de guitarra é lindo.

Mais uma vez Stone Gossard e Mike McCready mostram suas influências de Neil Young-Jimi Hendrix-Jimi Page-Ray Vaughan em "Deep". Puro blues com efeitos loucos de guitarra. Perfeito pra ouvir ao encher a cara.

"Release Master/Slave" fecha este incrível álbum que marcou a década de 1990. Ela soa como um clamor por liberdade. É quase ecumênico, com vozes carregadas de emoção. A parte condizente ao master/slave é a introdução do disco, só que um pouco mais longa, terminando em fade.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Sevendust - Home (1999)
















Não tão popular aqui no Brasil, o Sevendust é uma banda de New Metal (ou Metal Alternativo, como você preferir) formada lá pelos idos de 1994 em Atlanta, Georgia. Desde então a banda conseguiu um público fiel nos Estados Unidos, junto em meio à febre do nu-metal no fim dos anos 90/ começo de 2000.

E talvez já fosse hora ou já passou da hora desses rapazes terem maior respeito na mídia e do público metaleiro, que cultiva uma espécie de preconceito com artistas desse estilo.

Mas bem, Home é o segundo álbum da banda, e traz um som um pouco mais comercial, comparado ao Sevendust, disco de estreia lançado em 1997. Porém não no sentido pejorativo da palavra, mas a maior parte das músicas têm refrões bem interessantes e um pouco menos de sujeira, embora ainda bem pesado.

Exemplo de peso vem logo na faixa-título, que é a que abre o disco. Afinação bem baixa de guitarra, um groove bem pesado. O cantor Lajon Witherspoon mostra que sabe ponderar entre vocais melódicos bem cantados e algo bem grosseiro, gutural.

Já o peso do nu-metal vem com tudo em "Denial", música mais conhecida da banda e do disco. Destaque para o refrão: é bem colante.

"Headtrip" tem uma pegada funk-metal, com um riff de arrepiar. Os backing vocals do guitarrista Clint Lowery e do poderoso baterista Morgam Rose dão um ar de ataque quase que esquizofrênico à música. De qualidade. 

"Insecure" é um breve fraseado de guitarra, como se fosse um mantra, que passa de bate-pronto para "Reconnect". Esta é bem pesada, com uma certa influência alternativa e Lajon sobrepondo sua voz inconfundível. É bem bonito.

"Waffle" também é um dos sucessos da banda, com boa rotação na MTV americana na época. É puro nu-metal, com vocais lembrando um pouco do Living Colour. O refrão é perfeito. Lajon e Morgan fazem um dueto bem legal aqui.

"Rumble Fish" (também chamada de "Assdrop") entra porrando tudo. Vocais guturais compactuam com melodia no refrão. Tudo com muita personalidade.

"Licking Cream" merecia ter maior espaço nas rádios e na MTV. Com participação especial da cantora Deboran "Skin", do Skunk Anansie, essa faixa tem um dos duetos mais bonitos entre homem e mulher. Pelo menos um dos melhores já feitos no mundo do Rock. É emocionante!

"Grasp" fala sobre relacionamento, nada ridículo, porém nada deprimido. É o momento mais brando do álbum, com refrão pesado e versos quase que em R&B. Também outra música de qualidade do Sevendust que merecia mais espaço do que gente como Limp Bizkit ou Powerman 5000. 

A porrada estanca em "Crumbled". É a mais pesada, com refrão berrado, supergroove. Destaque para o momento que Morgan lidera o vocal e desce o braço: é de fazer você pular e dar mosh do armário!

Talvez "Feel So" tenha uma letra um tanto clichê, com excesso de niilismo. Aqui também Sevendust se mostra diferente da maioria das bandas de new-metal da época, sabendo mesclar influências de Helmet, Living Colour, Kings X e fazendo algo próprio.

Fechando disco, "Bender" conta com a participação do vocalista do Deftones, Chino Moreno. Ele e Morgan das baquetas abrem o berreiro nessa faixa, um tanto inusitada por sinal. Lajon aparece mais nos versos finais e backing vocals no refrão. O que é indescritível é uma sonora no fim da música. Não dá para entender se é um gato gritando ou uma fita acelerada de alguém falando.

Sem dúvidas, esse disco merecia maior reconhecimento, assim como o Sevendust em si.

sábado, 2 de junho de 2012

Ozzy Osbourne - No More Tears (1991)
















Na opinião do próprio Ozzy, esse disco é um dos melhores de sua carreira solo. Vindo de um período muito turbulento de sua vida - tentativa de estrangulamento de sua esposa, Sharon Osbourne em 1989; brigas sérias com o produtor Roy Thomas durante a turnê No Rest For the Wicked e caso na Justiça americana por parte dos pais de dois adolescentes que cometeram suício sob influência da música "Suicide Solution", do disco Blizzard of Ozz - No More Tears aparece como uma reflexão dessa época sombria e complicada da vida do cantor.

Como fã, vou me dar o direito de dizer que o ano de 2004 sem dúvida não teria sido o mesmo se não fossem aquelas manhãs ou tardes após o colégio, onde eu tacava a mochila num canto e botava esse disco no talo! Os solos de Zakk Wylde ajudaram e muito para que aquela época fosse uma das melhores de minha vida. Aposto que muito rockeiro viveu isso. Essas coisas maravilhosas não voltam, né? Mas bem, voltemos a resenha. 

Ao que mostra, toda essa reflexão ajudou a gravar um baita dum puta álbum de hard rock, com solos incríveis do grande Zakk Wylde. No More Tears na época estreou no Top 10 dos EUA e Top 20 na Inglaterra. Sem contar sua popularidade nas rádios e na MTV pelo mundo inteiro com o clipe da faixa-título e outras como "Mama, I'm Coming Home" e "Hellraiser".

"Mr. TinkerTrain" abre o disco com uma passagem de crianças brincando num parque ao som de uma canção de ninar. Isso para explodir em um baita rock n roll com guitarras gritando bem alto, fazendo um riff digno de levantar estádio!

Tirando o fôlego dos fãs, "I Don't to The Change the World" entra rasgando com um riff cheio de adrenalina. Ozzy nessa música mostra o quanto está satisfeito em ser ele mesmo. Zakk Wylde mais vez mostra o por quê de ser um dos maiores guitarristas do mundo com um solo incrível.

"Mama, I'm Coming Home", já citada nesta resenha, é uma balada açucarada, que nada mais é uma reflexão do Ozzy sobre sua vida de excessos. Lemmy Kilmister do Motorhead contribuiu com algumas letras nessa faixa. 

Talvez "Desire" seja meio clichê, mas não deixa de fazer você cantar o refrão junto. Agora, a faixa-título "No More Tears" fica para os anais do mundo do Rock. Não à toa fez sucesso mundial e é uma das músicas mais conhecidas da carreira do Ozzy, ela abre com um arranjo de baixo criado por Mike Inez (que em 1993 viria a ser baixista do Alice in Chains) que fica na cabeça. A guitarra do Zakk fala por si própria, com um riff bem pesado e alucinante. Mas o que chama a atenção mesmo é o refrão, que é quase um hino e por um momento onde entra um piano dando maior dramaticidade. O solo dispensa comentários.

"S.I.N" tem um refrão que faz qualquer um pular, cantar e até dançar. Tudo nessa música é emocionante. Existem poucas coisas assim no Rock.


"Hellraiser" é pesada e tem uma narrativa bem interessante. É quase uma ode, uma festa em homenagem ao Rock n Roll e a vida na estrada. Lemmy também ajudou a escrever essa letra e Zakk executa toda sua técnica em um solo que poucos sabem fazer.


A mesma coisa em "Time After Time". Uma balada bem hard rock anos 80, que faz todo mundo acender o isqueiro. Muita bonita por sinal.


"Zombie Stomp" tem um pouco aquela coisa caricata das bandas dos anos 80. Já "A.V.H" (uma sigla para Alcohol, Valium and Hashish) é fenomenal. Com um violão blues no começo, o som alto e pesado arrebenta tudo na penúltima faixa. Refrão levanta-estádio e solo épico são os motivos dessa música ser o que é.


Fechando o disco, a emocionante "Road to Nowhere" é mais uma reflexão de Ozzy sobre os seus problemas passados.


No More Tears foi relançado em 1992 e 2002. Essa última tiragem vem com as faixas bônus "Don't Blame Me" e "Party with the Animals".

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Helmet - Meantime (1992)
















Meantime é o segundo álbum dos nova-yorkinos do Helmet e o que expandiu a banda e seu estilo único de fazer som pesado para o mundo. Foi o primeiro álbum deles gravado sob contrato com uma grande gravadora (Interscope Records), porém o último com o guitarrista-base Peter Mengede. Dessa vez o grupo optou por um direcionamento mais homogêneo em termos de composições e riffs. Claro, tudo bem alto e distorcido!

Exatamente nesse mesmo ano, o grunge de Seattle explodia nas paradas de sucesso. O que acarretou na época do Helmet ser chamado de "urban grunge" (grunge urbano). Mas a realidade é que o Page Hamilton e cia mostram novamente através do Meantime que o seu som é metal pesado e bem barulhento, no nível de Biohazard, Pantera, Sepultura, com toques de Sonic Youth.

"In the Meantime" é abrasiva, já começa com uma puta barulheira infernal e um riff bem característico deles. Em seguida "Ironhead" tem a técnica afiada a la Metallica, com guitarras estridentes no "solo" (parece que a guitarra está sendo lixada!).  

"Give It" é arrastada e chama atenção pela introdução de baixo. O riff é pesado e culmina em partes onde mais guitarras barulheiras reinam, com Page cantando com a voz grossa e empostada: vocal marcante cujo o dono não consegue mais fazê-lo hoje em dia.
Eis que "Unsung" é a quarta faixa e a música mais famosa deles. No Brasil e no mundo o Helmet ainda é lembrado por ela, que tem uma pegada punk hardcore com o peso metaleiro. (Opinião minha: maior parte das pessoas acham que Page Hamilton está cantando igual ao Ozzy Osbourne nessa música. Eu não acho. Ouça e tire suas conclusões.)

Talvez "Turned Out" seja a mais esquisita desse álbum. Com tempo e compasso quebrados, a música é porradeira e louca. Melhor parte é o vocal esgoelado no final.

"He Feels Bad" tem um clima meio morgado, meio que como uma narrativa. Porém ela - e esse disco - não seriam a mesma coisa se não fosse pelo incrível John Stanier arrebentando no bumbo, caixa e viradas no final. "Better" tem um refrão suigado incrível, de dar inveja no Rage Against the Machine. O riff ao estilo "mais do mesmo" com o groove faz o ouvinte querer pular e dar mosh no alto do armário.


Em "You Borrowed" é bem interessante o vocal dobrado no refrão. Melhor ainda é o final onde Stanier desce o braço num momento "solo" seu. Chega a lembrar as batucadas das escolas de samba.


"FBLA II" não tem lá muito a ver com "FBLA", quinta faixa do primeiro álbum Strap It On. Ela é menos berrada, um pouco mais longa, riffs em staccato e refrão colante. Destaque para o solo de bateria: John dá um verdadeiro show!


O álbum fecha com a homogeneizada "Role Model". Suigue e peso misturados de uma maneira não tão pretensiosa, mais simples, porém não menos legal.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Pantera - Vulgar Display of Power (1992)
















Título originado de uma frase citada no filme do terror "O Exorcista", Vulgar Display Of Power é considerado por muitos como o segundo álbum dos texanos ferozes do Pantera. Considerado de uma maneira oficial, mas na verdade é o sexto trabalho da banda.

Definitivamente, esse disco faz jus a capa. É uma porrada do início ao fim. E ele é um marco na discografia do Pantera, por trazer um som super brutal e com bastante identidade, diferente dos trabalhos anteriores como o clássico Cowboys From Hell e Power Metal, este puramente hard rock. Além de ter levado a banda ao sucesso mundial e de fato ter salvo o heavy metal nos anos 90.

Em Vulgar... a banda resolveu arregaçar tudo de vez. Logo na primeira faixa já temos "Mouth For War", sucesso na MTV e que mostra como o Pantera ficou brutal, com o inigualável Phil Anselmo gritando "reveeeenge!". Em seguida "New Level" sobe ainda mais o padrão de porrada, com um riff destruidor - executado pelo lendário Dimebag Darrell - de deixar qualquer um insano. Esse é um bom demonstrativo do chamado "groove-metal".

Parecendo não satisfeitos em fazer todos baterem cabeça, de bate-pronto os caras trazem "Walk", que não à toa, virou "o" hino do Pantera. Um refrão que mais parece um exército marchando em treinamento, com Dimebag fazendo um dos seus melhores solos de sua carreira.


E quando você pensa que a briga acabou, aí que vem o esporro mesmo! "Fucking Hostile" é a hora perfeita para uma bela e gigante roda-punk hardcore, com o grande Vinnie Paul quebrando a bateria abaixo e Phil se esgoelando como um miserável. Logo vem "This Love", uma balada com momentos bem pesados, falando de um relacionamento que não deu certo. 

Mas com certeza a música mais porradeira desse disco é "Rise". A banda mostra toda sua influência de Slayer, Metallica, de thrash metal em si e compacta tudo isso em quase 6 minutos de mais pura agressividade e peso. "No Good (Attack the Radical)" já abre com um riff digno de um bom guitarrista, com momentos de vocais rappeados e refrão marcante. O solo é lindo.


"Live in Hole" é um heavy metal-marcial e com certo tom obscuro. "Regular People (Conceit)" era vinheta do programa da MTV americana Headbangers Ball e é onde o Pantera exibe sua precisão militar de fazer som, com momentos taciturnos. Algo parecido também acontece em "By Demons Be Driven": o refrão é quase que é "Breaking the Law", um clássico do gigante Judas Priest.


E para fechar o disco, "Hollow" vem como uma balada, que culmina no peso brutal do heavy metal. Vulgar Display of Power: bom para quebrar o seu quarto.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Clipe novo do Soundgarden!

Após 15 anos sem lançar material novo, o Soundgarden lança vídeoclip de sua nova música "Live To Rise". Ela é trilha sonora do filme da Marvel Studios Os Vingadores, estreado aqui no Brasil no último dia 27 de abril.

A música - que lembra bastante alguns momentos dos álbuns Superunknown e Down to the Upside - está disponível para download no iTunes, através do site oficial da banda Soundgardenworld.com. O vídeo encontra-se disponível no site Youtube para visualização.

Aqui no FLUSHINGS o clipe pode ser conferido logo abaixo:

 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dessa vez foi quase!

Em uma entrevista para o site The Gauntlet, o vocalista da banda de metal-industrial Ministry, Al Jourgensen, comentou que sua terceira experiência de quase-morte foi a mais assustadora.

"Eu estava morto. Não me lembro de uma coisa. Meu espírito não deixou meu corpo. Essa é a parte que me assusta mais."

O vocalista afirmou que nas duas primeiras vezes que viu a morte de perto era "jovem e achava que era invencível". E que as experiências ao todo foram foram "interessantes".

 "As duas primeiras vezes eu me lembro que flutuava sobre meu corpo e sabia o que estava acontecendo e que eu precisava para voltar ao meu corpo. Era uma coisa espiritual. Foi muito legal e me deu espiritualidade e conhecimento de que existe vida após a morte", disse Al.
  

domingo, 22 de abril de 2012

Alice in Chains - Facelift (1990)















Facelift é o primeiro álbum oficial de um dos grandes representantes do grunge, o Alice in Chains. Até então, a banda havia lançado o EP We Die Young, o qual ganhou popularidade na época no meio metaleiro.

Diferente do que fazia sucesso em Seattle, o álbum mostra como a banda era influenciada por heavy metal, hard rock, gente como Van Halen, Queen e Whitesnake. Fora que quem ouve Facelift, nota como a banda já tinha uma identidade própria, graças a voz incrível do já facelido Layne Staley e a pegada metal-blues do talentoso Jerry Cantrell.

Aproveitando o material do antigo EP, "We Die Young" foi incluída e abre o disco com bastante som pesado. O álbum contém o mega hit "Man in the Box", segunda faixa a qual mostrou o Alice in Chains para o mundo, em 1991. O clipe da música fez sucesso na MTV, com imagens sombrias da banda tocando e um homem com os olhos costurados. 

"Sea of Sorrow" é um baita hard rock, com um belo solo de guitarra e letras sombrias (Mente de gosto destrutivo/ Eu escolhi/ Caminhar pelos destroços, isso era meu coração perdido na escuridão). "Bleed the Freak" começa com um dedilhado de Jerry que culmina em um dos melhores refrões da banda. 

As faixas "I Can't Remember" e "Love, Hate, Love" traduzem bem a depressão, desolação e angústia de Layne e Jerry, que tiveram suas vidas cercadas por problemas familiares e com drogas pesadas. Tudo isso influiu profundamente no som e aspecto da banda.

"It Ain't Like That" fez parte do filme Singles (Vida de Solteiro aqui no Brasil), onde o AIC tocava essa música em um bar de rockeiros. O riff pesado de guitarra lembra um Black Sabbath em seus melhores momentos.

Talvez "Sunshine" seja uma das canções mais tocantes e dramáticas do Alice in Chains. "Confusion" tem um jeito do Queen e um refrão muito bonito onde o baixista Mike Starr ajuda no backing vocals.

"Put You Down" e "Real Thing" são puramente hard rock e metal, com certo ar de descontração. Mas um momento bem incomum e alegre nesse álbum é "I Know Something", tem uma levada funkeada meio Red Hot Chilli Peppers de ser, e falando sobre fofocar. Talvez eles quisessem se inteirar com cenário até então governado por Living Colour, Faith No More, Suicidal Tendencies...

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Faith No More - The Real Thing (1989)















Para muitas pessoas, esse foi o primeiro disco do Faith No More. Com o vocalista Mike Patton, sim, mas na discogrfia da banda este é o terceiro. Os anteriores (We Care a Lot e Introduce Yourself) foram gravados com louco Chuck Mosley nos vocais.

The Real Thing marca uma nova fase do FNM. Ele traz o que a banda já fazia nos outros trabalhos, porém de uma maneira mais pesada. As influências de Metallica e Black Sabbath foram amplificadas pelo então guitarrista Jim Martin, fazendo com que o groove e funk da banda ficasse no ponto certo. Características que ajudaram o álbum a ser um dos principais influenciadores do New Metal, conforme bandas como Korn, Limp Biskit e Disturbed já declararam.

De fato, esse disco apresentou os californianos para o mundo, através de mega hits como "Epic", "Falling to Pieces" e "From Out of Nowhere", que foram exaustivamente rodados na MTV e nas rádios. Clipes onde existia uma certa obsessão por olhos gigantes e peixes, provocando até reação negativa por grupos ativistas. Já nessas músicas citadas, nota-se a presença do metal no som do FNM, junto com o baixo contundente de Billy Gould e os teclados de Roddy Bottum sempre dando uma aura especial. Tudo isso junto com vocais ao estilo hip hop.

Ignorando as comparações com o Red Hot Chilli Peppers pelo funkeado e por Anthony Kiedis e Mike serem ambos cabeludos, sarados e com os mesmos trejeitos na época, o álbum mostra como a voz de Patton é versátil. Algo nasalado em "Underwater Love", "The Morning After" e nas 3 primeiras - e berros quando é hora de heavy metal - "Surprise! You're Dead!" e "Zombie Eaters".

"War Pigs", cover do Black Sabbath, é um dos grandes momentos de disco. A banda desce o braço e transmite respeito após fazer bonito com uma música tão conhecida. O peso também come solto em "Woodpecker From Mars". Só que esta é um instrumental do FNM, com um baixo estalando tudo e um arranjo de sintetizador com um jeito arábico.


"Edge of the World" finaliza o álbum em grande estilo. É um soul bem tocado, com um piano lindo e vocais inspirados em cantoras negras de jazz. No caso, conta uma história cômica-romântica meio marginal. Foi também muitas vezes exibida na MTV nos anos 90, em um clipe ao vivo e lançada em formato single especial, somente aqui no Brasil.

Além do sucesso mundial que este álbum proporcionou, o Faith No More fez parte de trilha sonora de filmes como "Bill & Ted's Bogus Journey" e "Os Gremilins", participou de uma turnê extensa junto do Guns 'N Roses e Soundgarden, e teve uma relação íntima com o Brasil. Fizeram um show clássico no Rock In Rio 2 e geraram polêmica com o então presidente Fernando Collor de Mello devido a algumas declarações que Mike fez, dizendo que iria se casar com a Rosane Collor. Além de vários shows pelo interior do país, em cidades como Olinda, Uberaba - onde nenhuma banda gringa jamais iria tocar.

Novo clipe do PANTERA.



Eis aqui uma novidade boa!

Sim, acreditem amigos metaleiros, é o novo vídeo do Pantera, chamado "Piss".

Só para esclarecimento: essa música foi gravada e deixada de lado pela banda. Ela data da época das gravações de "Vulgar Display of Power", em 1992, aproximadamente.

O vídeo pode ser assistindo no link abaixo:

 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A volta do Acid Bath? Será?


Pra que não conhece ou nunca sequer ouviu falar, Acid Bath foi uma banda de Slugde-metal muito importante no cenário metaleiro underground americano dos anos 90, junto do Eyehategod, Melvins e Down. O grupo durou de 1991 até 1996, quando o antigo baixista Audie Pitre morreu após um atropelamento.

O site TheGauntlet.com afirma que não é apenas uma reunião para shows apenas, mas que os membros remanescentes (
Sammy Duet, Jimmy Kyle, Dax Riggs, and Mike Sanchez) se reuniram recentemente para tomar uns drinks. Os rumores de uma possível volta acontecem desde 2009, mas talvez agora fosse para valer. Enquanto isso nós, os fãs, ficamos aqui torcendo os dedos!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Entombed - Wolverine Blues (1993)
















"Wolverine Blues" é o terceiro trabalho de estúdio da banda sueca Entombed. O álbum traz uma sonoridade não tão cavernosa como em "Left Hand Path" (1990) e "Clandestine" (1991), adicionando uma certa influência rock 'n roll em seu som. Porém sem deixar a técnica afiada, a brutalidade e o timbre de guitarra serra-elétrica. Podemos dizer que este foi um marco na história do grupo: eles conseguiram construir uma identidade, inovando o Death Metal e fazendo sucesso mundial.

A primeira música abre o disco socando a cara do ouvinte. Em menos de um minuto, Alex Hellid e Uffe Cederlund arrasam com dois riffs de matar qualquer um. Isso tudo culmina em uma boa porradaria Thrash!

"Rotten Soil" mostra o lado "death 'n roll" que esse disco traz. Vocais insanos do louco L-G Petrov, boa técnica, porém um solo numa escala mais "blueseira". "Wolverine Blues", um dos grandes sucessos dos rapazes suecos, é puro death metal, com um belo refrão.


"Demon", "Contempt" e "Blood Song" são mais amostras de que misturar infuências de Stooges e Black Flag com o peso do Metal somente origina coisa boa. Destaque para o riff de "Full of Hell": poucas bandas conseguem criar algo tão foda.


"Hollowman" também é um dos carros-chefes do disco. Faz lembrar coisas como um bar ao estilo texano, canecas enormes de cerveja espumante, motoqueiros curtindo um som em suas motos. O refrão é um hino...


Talvez a faixa mais subestimada seja "Heavens Die". É difícil hoje em dia encontrar bandas que consigam criar refrões tão interessantes como esse. Uma das melhores músicas do Entombed!


E "Out of Hand" fecha o álbum quebrando tudo numa ode ao Anti-Cristianismo. Ou seja, um tema tão clichê nesse meio metaleiro. Contudo, isso não deixa de fazer com que WB seja um dos melhores discos de Death Metal.



sábado, 7 de abril de 2012

Entrevistas, reportagem, etc.

Acho que a partir de agora vou implementar uma sessão com entrevistas, reportagens e curiosidades. Andei pensando nisso. Acho legal fazer resenhas e comentários sobre discos, mas talvez um pouco mais de versatilidade ao blog pode ficar bem legal. Então irei selecionar algumas entrevistas interessantes e repassar aqui no FLUSHINGS.

No caso, como estreia, aqui vão alguns trechos de uma entrevista que o baterista Mike Portnoy (Dream Theater, Avenged Sevenfold, Adrenaline Mob) concedeu ao site The Nervous Breakdown (www.thenervousbreakdown.com):



The Nervous Breakdown: O Adrenaline Mob começou o ano com uma grande mudança pessoal, trazendo o baixista do DISTURBED John Moyer. Você estendeu a mão para ele. E quanto ao seu estilo, foi a escolha certa?
Portnoy: Bem, eu conheci John quando o Disturbed e o Avenged Sevenfold fizeram uma turnê juntas na Uproar tour algum tempo atrás, John e eu nos entendemos muito bem. Eu sabia que ele era um cara super legal, um cara pé no chão, então eu sabia que ele iria se enxaixar tanto pessoalmente como no estilo, e com toda sua carreira no Disturbed, eu sabia que musicalmente ele se encaixaria perfeitamente no som do Mob. O mais importante foi o fato do Disturbed anunciar que daria uma pausa prolongada, isso foi fundamental para nós, na hora de encontrar um baixista que não tivesse outras bandas ou compromissos. Foi um momento perfeito para John, porque agora que ele está com este tempo vago, ele pode se comprometer com a gente e não se preocupar com eventuais conflitos de agenda. Desta maneira, John foi a escolha perfeita.

The Nervous Breakdown: Como baterista, é obviamente importante ter alguém que combine com você em matéria de rítmo, por isso mesmo antes de John ser encontrado, você tinha um critério em mente para um novo baixista?
Portnoy: Bem, nós procurávamos por alguém que pudesse fazer parte do time e alguém que pudesse fazer música. Mesmo que eu tenha essa reputação por ser um baterista exagerado e apesar de Mike Orlando ser um guitarrista extremamente chamativo, não estávamos procurando por um baixista maluco. Nós estávamos procurando por alguém que tivesse uma função. Então, John era exatamente o tipo de músico que estávamos procurando - um filho da puta que pudesse segurar as pontas. John é absolutamente adequado aos nossos critérios.

The Nervous Breakdown: O guitarrista Rich Ward deixou a banda recentemente. Já existem planos para um substituto?
Portnoy: Não, nós vamos deixar a banda como um quarteto. Quando John Moyer fez os testes no baixo, outra coisa que fizemos foi ver como ficaríamos como um quarteto. Nos ensaios pareceu bem legal: "Vamos manter estes quatro elementos". É mais fácil, menos problemas para resolver, e mesmo assim parecemos completos, e algumas de nossas bandas favoritas são em quatro, como BLACK SABBATH, VAN HALEN e PANTERA.

The Nervous Breakdown: Agora que a poeira abaixou, e tendo em vista tudo que você fez desde a época no Dream Theater, como você vê que o seu legado foi deixado na banda?
Portnoy: O Dream Theater é algo que nunca vou esquecer. Ele fez parte de vinte e cinco anos da minha vida e foi algo que me entreguei de coração, alma, sangue, suor e lágrimas. Eu literalmente comi, respirei e caguei Dream Theater por vinte e cinco anos, por isso, independentemente de onde eles cheguem em sua carreira e independentemente para onde eu vá em minha carreira, eu sempre estarei ligado ao Dream Theater e isso é bom para mim - tenho orgulho de cada canção que eu escrevi naquela banda, cada álbum que gravei na banda, e cada show que eu toquei com a banda. Então eu não tenho nenhum problema com o fato de que eu seja sempre lembrado como "Mike Portnoy do Dream Theater". Isso é algo que nunca vai mudar. Será sempre assim e tenho orgulho disso. Eu não aceitaria isso de outra forma.

*Estas informações foram colhidas do site brasileiro Whiplash.net