quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Lobão - Vida Bandida (1987)















Esse com certeza foi um dos discos mais importantes na década de 1980 para o rock nacional em si e o de maior repercussão do Lobão.

Vida Bandida é o terceiro álbum do músico e foi gravado em meio a época mais turbulenta de sua carreira: quando foi preso por uma quantia risível de maconha. A citada importância deste disco foi porque no ano de lançamento vendeu aproximadamente 350.000 cópias (até mais se duvidar!); uma verdadeira proeza em termos de rock no Brasil, lugar onde vender 100.000 cópias é motivo de abrir champagne e sendo que esse tipo de música não é muito popular aqui (apesar de que naquele tempo o rock estava super em alta).


Quatro das 10 músicas do álbum ocuparam os primeiros lugares nas rádios do segmento. A turnê que se sucedeu vendeu horrores de bilheteria, com estádios, casa de shows lotadíssimos. Mas com todo o sucesso, veio a perseguição que Lobão teve de enfrentar por parte da polícia, juízes e mídia que tentavam sabotar seus shows e/ou vasculhar motivos para colocá-lo novamente na cadeia.

Por durante três meses, o cantor teve que conciliar os horários de gravações com a sua estadia na cadeia. Era liberdade condicional - retornava à noite sempre. E de fato, por estar passando por muita pressão e estresse, acabou que essas emoções transpassaram por sua voz. Ela está mais grave, um tanto mais agressiva. O disco em si tem mais peso do que O Rock Errou e tem contribuições do baixista/poeta/escritor Bernardo Vilhena em várias letras. A bateria foi gravada por ele mesmo, coisa que não fazia desde Cena de Cinema. Tudo isso produzido pelo lendário Marcelo Sussekind.

A faixa-título abre o álbum rasgando tudo! É sem dúvida um dos grandes sucessos dele - talvez o maior. Como ele mesmo relata, a letra era dum poema que o Bernando publicou nos anos 70 chamado Atualidades Atlântida. Com peso hard rock e levada suingada, meio sambista, juntou a música ao poema, e foram feitas algumas repetições de palavras (coisa de baterista): "Chutou a cara do cara, a cara do cara caído/ Traiu o seu melhor, o seu melhor amigo..." Aqui o cantor fez uma homenagem ao pessoal da cela 11 ("Aí galera da onze!"), local ficou preso no primeiro mês. O refrão "Vida! Vida, vida, vida, vida bandida!" é um verdadeiro hino, um grito de guerra. Um clássico do rock nacional.

"Da Natureza dos Lobos" tem bateria forte. Ela oscila em momentos calmos com vocais que lembram algo em torno de Rita Lee e de rock n rolla la Jethro Tull.


As guitarras cheias de chorus em "Nem Bem, Nem Mal" dão total cara de rock anos 80 à essa música. Este efeito foi exaustivamente usado naquela década por quase todas as bandas de rock no mundo inteiro, a ponto de criar uma identidade inconfundível. Aqui o Lobão deu um toque até bem americano. Mesmo se você a ouvir hoje desavisado(a), vai conseguir deduzir que no mínimo foi gravada há uns 25 anos atrás. O refrão é viciante!

"Soldier Lips" é em inglês. Um blues bem ao estilo danceteria, meio erótico. Tem vocais femininos ajudando no refrão e guitarras ao fundo arrebentando.


"Girassóis do Mundo" tem balanço mpb, meio salsa, com percussão e arranjos de saxofone que dão toda a graça à música. Poderia estar em algum disco do Caetano Veloso ou Gilberto Gil. "Esse Mundo que eu Vivo" faz lembrar alguma coisa do Billy Idol, Sessão da Tarde(???).
É puramente hard rock.

Muitas pessoas pensam que "Vida Louca Vida" é do Cazuza, mas não. Com riff lembrando um pouco de Van Halen, o refrão levanta-estádio é um marco . "Tudo Veludo" é música pra dançar junto com a namorada em um baile de formatura. É uma balada que abre com um belo solo e letra retratando certa tristeza romântica.

O hit "Rádio Bla" abre com saxofone e ar latino suave, pra depois virar rock/pop.
A letra é em parceria do vocalista do Hanói-Hanói Arnaldo Brandão, Lobão e o poeta Tavinho Paes. Grande momento do álbum.

O disco fecha com "Chorando no Campo", uma canção voz/violão e efeitos de teclado. Aqui Lobão tenta mesclar folk com choro e mostra como é bom compositor, com letra romântica e acordes muito bonitos. Essa música ocupou também as paradas de sucesso por entre 1987-89.

Sem dúvida é um clássico pra se ter na prateleira!



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