quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Lobão - O Rock Errou(1986)















O Rock Errou é segundo disco solo do Lobão. Muitos acham que este é o terceiro devido ao Ronaldo Foi Pra Guerra, lançado enquanto o cantor estava na banda Lobão E Os Ronaldos. Embora o cantor afirme de maneira veemente que Hebert Vianna copiou o conceito e timbre de voz de seus álbuns, O Rock Errou tem características de jazz e guitarras pesadas; diferenciando do ska abrasileirado dos Paralamas.

A foto da capa foi uma sessão fotográfica onde ele e sua prima (que mais tarde viraria a ser sua esposa por 4 anos), a atriz Daniele Daumerie fizeram. O álbum abre com uma faixa instrumental que exala algo dark anos 80. A faixa-título vem em seguida, com certo tom de protesto e leve pegada punk. Como ele mesmo diz, esse título é uma espécie de "recado" para Hebert Vianna.

"A Voz da Razão" é um samba com arranjo de metais e Lobão empostando a voz, isso tudo com participação especialíssima da Elza Soares. É um tanto cômico.

"Baby Lonest" tem uma letra a La Jack Kerouac, algo bem "na estrada" de ser. Uma pitada de hardcore no refrão, as guitarras gritam no final. "Spray Jet" tem suingue funkeado. Dá pra perceber uma coisa meio "Ben Jor" nessa música. Suinge brasileiro dos anos 80.

"Moonlight Paranóia" entra com um clima bem suave em um arranjo bonito. Com a Daniele fazendo backing, os vocais lembram algo em torno de 14 Bis, Rita Lee. Guitarras cheias de efeitos como chorus, reverberização e belo solo gritante.

"Revanche" é um dos carro-chefes desse disco e da carreira do Lobão em si. Com melancolia e atmosfera mais obscura, é uma balada que retrata a dura realidade do trabalhador humilde do Brasil. O solo de abertura gravado pelo guitarrista Mariano Martinez é emocionante!

"Noite e Dia" na verdade foi gravada enquanto o cantor estava na banda Lobão e Os Ronaldos. Foi escrita em parceria com o falecido Júlio Barroso, ex-vocalista do Gang 90.
É uma espécie de soft-rock cheia de fraseados bluesísticos de guitarra. Um dos maiores sucessos do Lobo. "Canos Silenciosos" ataca a polícia e a censura da época ("homens, fardas, cacetetes e camburões/abusando da lei com suas poderosas credenciais). Um dos grandes hits do disco, é puro rock dançante com solo esquizofrênico, e Lobão fazendo cacoetes no fim da música. 


"Glória(Junkie Bacana)" tem sotaque blues-jazzístico, totalmente anos 80. A letra é uma parceria dele com um dos seus melhores amigos, o grande Cazuza. O título é em homenagem à irmã do Lobão.

O disco fecha com "Click". Outra música com suinge jazz-soul com certo charme e solos de blues. Clima suave e viajante, perfeito pra fazer sexo, fumar um cigarro, tomar um whisky, etc.


Segue embaixo o clipe de "Canos Silenciosos":

sábado, 24 de novembro de 2012

Helmet - Aftertaste (1997)
















Este é o último álbum do Helmet com a formação clássica que os fãs mais ortodoxos amam: o eterno Page Hamilton, junto dos incríveis John Stainer e Henry Bogdam.

Aftertaste, diferente dos anteriores, foi gravado somente por esse trio. O guitarrista Rob Echeverria sairia da banda em 1996 para seguir carreira com o Biohazard. Sendo assim, eles resolveram adotar uma guitarra-base somente nos shows; função que foi ocupada por Chris Traynor.

Produzido por David Sardy e a banda, este álbum é ponto de divergência entre os fãs. Alguns aclamam como o melhor álbum da banda, em contrapartida de outros que acham este um fiasco. Talvez em termos de vendas tenha sido um tanto frustrante mesmo: não vendeu mais de 500.000 cópias.

Em termos de som, o disco traz a indumentária Helmet de ser: riffs stacatto, guitarra em D (ré) aberto (quando os acordes podem ser feitos por um dedo somente). O que pode ser destacado aqui é afinação da bateria de Stanier, cujo som se encontra mais denso, não tão alto e chamativo como em Betty. E talvez porque esse álbum esteja mais tendencioso para o rock alternativo do que nunca. Todas as composições são por parte do tio Hamilton, exceto pelas faixas "Renovation" e "Insatiable" que foram feitas pela banda inteira.

O disco já abre com a poderosa "Pure". Faixa pra fazer qualquer fã pular. Em seguida vem "Renovation", que sem dúvida é uma melhores canções desse álbum e do Helmet em si. Ela traz um ar meio "punk Bad Religion" de ser e um refrão muito bom.

"Exactly What You Wanted" foi a única música do álbum que foi feito um videoclip. Com uma pegada bem alternative-metal, ela recebeu maior atenção nas rádios e na MTV. O clip contém várias filmagens de shows da banda. É bem legal.

"Like I Care" começa com um riff delicioso de baixo do Bogdam, em sincronia com a bateria. Ela explode quando as guitarras entram e dão vazão à um refrão bem gostoso, um tanto lisérgico.

"Driving Nowhere" é puramente alternativa. Mas talvez o ponto negativo nessa música seja que ao vivo ela soava bem mais pesada e enérgica do que no disco. Em alguns shows na turnê do álbum percebe-se esse detalhe.

"Birth Defect" é bem porradeira e tem uma letra muito interessante. Fala sobre lidar com pessoas diferentes e o refrão tem versos geniais: "I'd rather be insulted by you than someone i respect/ if i don't share the same view, it's just my birth defect" (Eu prefiro ser insultado por você do que por alguém que eu respeito/ se eu não partilho da mesma opinião, é apenas meu defeito de nascença).

"Broadcast Emotion" é uma das melhores. Temos um rock alternativo bem arrastado, com uma certa sonoridade grunge. A banda nessa faixa e em várias outras optam por solos de guitarra bem simples e viajantes, diferente da barulheira desgracenta familiar do Helmet.

Talvez o momento que abrange "It's So Easy to Get Bored" e "Diet Aftertaste" seja o menos brilhante do álbum. Na primeira temos metal alternativo arrastado um tanto maçante. Na segunda temos um vocal um tanto quanto estranho do Hamilton, mas com um peso mais agitado.

Já "Harmless" é punk porrada. É digna de roda nos shows. A abertura é viciante e o riff e vocais são incríveis. Detalhe para as viradas e um pequeno solo de bateria do mestre John Stanier. É pra sacudir a cabeça.

"(High) Visibility" tem ar até engraçado. É legal de ver como o peso entra na música. Começa o baixo, bateria e voz bem calmos pra logo mais a guitarra entrar rasgando tudo.

"Insatiable" é soco na cara. É pra escutar no máximo e saltar do armário. Riff pesado, vocal insano e refrão equizofrênico. Uma das melhores também.

O álbum fecha em grande estilo. "Crisis King" é puro punk, com riff rasgante e simples. A adrenalina come solta aqui. E John Stanier mais uma vez desce o braço na batera com um solo eletrizante. A finalização que é a nata: Page Hamilton gritando e uma massa de microfonia e barulho, que inclui até áudio de televisão.

Após Aftertaste, o Helmet faria uma turnê até em meados de 1998 e encerraria as atividades até 2004, quando voltou com Page Hamilton sendo o único membro original/fundador.

Aqui segue o clip de "Exactly What You Wanted":