segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dessa vez foi quase!

Em uma entrevista para o site The Gauntlet, o vocalista da banda de metal-industrial Ministry, Al Jourgensen, comentou que sua terceira experiência de quase-morte foi a mais assustadora.

"Eu estava morto. Não me lembro de uma coisa. Meu espírito não deixou meu corpo. Essa é a parte que me assusta mais."

O vocalista afirmou que nas duas primeiras vezes que viu a morte de perto era "jovem e achava que era invencível". E que as experiências ao todo foram foram "interessantes".

 "As duas primeiras vezes eu me lembro que flutuava sobre meu corpo e sabia o que estava acontecendo e que eu precisava para voltar ao meu corpo. Era uma coisa espiritual. Foi muito legal e me deu espiritualidade e conhecimento de que existe vida após a morte", disse Al.
  

domingo, 22 de abril de 2012

Alice in Chains - Facelift (1990)















Facelift é o primeiro álbum oficial de um dos grandes representantes do grunge, o Alice in Chains. Até então, a banda havia lançado o EP We Die Young, o qual ganhou popularidade na época no meio metaleiro.

Diferente do que fazia sucesso em Seattle, o álbum mostra como a banda era influenciada por heavy metal, hard rock, gente como Van Halen, Queen e Whitesnake. Fora que quem ouve Facelift, nota como a banda já tinha uma identidade própria, graças a voz incrível do já facelido Layne Staley e a pegada metal-blues do talentoso Jerry Cantrell.

Aproveitando o material do antigo EP, "We Die Young" foi incluída e abre o disco com bastante som pesado. O álbum contém o mega hit "Man in the Box", segunda faixa a qual mostrou o Alice in Chains para o mundo, em 1991. O clipe da música fez sucesso na MTV, com imagens sombrias da banda tocando e um homem com os olhos costurados. 

"Sea of Sorrow" é um baita hard rock, com um belo solo de guitarra e letras sombrias (Mente de gosto destrutivo/ Eu escolhi/ Caminhar pelos destroços, isso era meu coração perdido na escuridão). "Bleed the Freak" começa com um dedilhado de Jerry que culmina em um dos melhores refrões da banda. 

As faixas "I Can't Remember" e "Love, Hate, Love" traduzem bem a depressão, desolação e angústia de Layne e Jerry, que tiveram suas vidas cercadas por problemas familiares e com drogas pesadas. Tudo isso influiu profundamente no som e aspecto da banda.

"It Ain't Like That" fez parte do filme Singles (Vida de Solteiro aqui no Brasil), onde o AIC tocava essa música em um bar de rockeiros. O riff pesado de guitarra lembra um Black Sabbath em seus melhores momentos.

Talvez "Sunshine" seja uma das canções mais tocantes e dramáticas do Alice in Chains. "Confusion" tem um jeito do Queen e um refrão muito bonito onde o baixista Mike Starr ajuda no backing vocals.

"Put You Down" e "Real Thing" são puramente hard rock e metal, com certo ar de descontração. Mas um momento bem incomum e alegre nesse álbum é "I Know Something", tem uma levada funkeada meio Red Hot Chilli Peppers de ser, e falando sobre fofocar. Talvez eles quisessem se inteirar com cenário até então governado por Living Colour, Faith No More, Suicidal Tendencies...

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Faith No More - The Real Thing (1989)















Para muitas pessoas, esse foi o primeiro disco do Faith No More. Com o vocalista Mike Patton, sim, mas na discogrfia da banda este é o terceiro. Os anteriores (We Care a Lot e Introduce Yourself) foram gravados com louco Chuck Mosley nos vocais.

The Real Thing marca uma nova fase do FNM. Ele traz o que a banda já fazia nos outros trabalhos, porém de uma maneira mais pesada. As influências de Metallica e Black Sabbath foram amplificadas pelo então guitarrista Jim Martin, fazendo com que o groove e funk da banda ficasse no ponto certo. Características que ajudaram o álbum a ser um dos principais influenciadores do New Metal, conforme bandas como Korn, Limp Biskit e Disturbed já declararam.

De fato, esse disco apresentou os californianos para o mundo, através de mega hits como "Epic", "Falling to Pieces" e "From Out of Nowhere", que foram exaustivamente rodados na MTV e nas rádios. Clipes onde existia uma certa obsessão por olhos gigantes e peixes, provocando até reação negativa por grupos ativistas. Já nessas músicas citadas, nota-se a presença do metal no som do FNM, junto com o baixo contundente de Billy Gould e os teclados de Roddy Bottum sempre dando uma aura especial. Tudo isso junto com vocais ao estilo hip hop.

Ignorando as comparações com o Red Hot Chilli Peppers pelo funkeado e por Anthony Kiedis e Mike serem ambos cabeludos, sarados e com os mesmos trejeitos na época, o álbum mostra como a voz de Patton é versátil. Algo nasalado em "Underwater Love", "The Morning After" e nas 3 primeiras - e berros quando é hora de heavy metal - "Surprise! You're Dead!" e "Zombie Eaters".

"War Pigs", cover do Black Sabbath, é um dos grandes momentos de disco. A banda desce o braço e transmite respeito após fazer bonito com uma música tão conhecida. O peso também come solto em "Woodpecker From Mars". Só que esta é um instrumental do FNM, com um baixo estalando tudo e um arranjo de sintetizador com um jeito arábico.


"Edge of the World" finaliza o álbum em grande estilo. É um soul bem tocado, com um piano lindo e vocais inspirados em cantoras negras de jazz. No caso, conta uma história cômica-romântica meio marginal. Foi também muitas vezes exibida na MTV nos anos 90, em um clipe ao vivo e lançada em formato single especial, somente aqui no Brasil.

Além do sucesso mundial que este álbum proporcionou, o Faith No More fez parte de trilha sonora de filmes como "Bill & Ted's Bogus Journey" e "Os Gremilins", participou de uma turnê extensa junto do Guns 'N Roses e Soundgarden, e teve uma relação íntima com o Brasil. Fizeram um show clássico no Rock In Rio 2 e geraram polêmica com o então presidente Fernando Collor de Mello devido a algumas declarações que Mike fez, dizendo que iria se casar com a Rosane Collor. Além de vários shows pelo interior do país, em cidades como Olinda, Uberaba - onde nenhuma banda gringa jamais iria tocar.

Novo clipe do PANTERA.



Eis aqui uma novidade boa!

Sim, acreditem amigos metaleiros, é o novo vídeo do Pantera, chamado "Piss".

Só para esclarecimento: essa música foi gravada e deixada de lado pela banda. Ela data da época das gravações de "Vulgar Display of Power", em 1992, aproximadamente.

O vídeo pode ser assistindo no link abaixo:

 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A volta do Acid Bath? Será?


Pra que não conhece ou nunca sequer ouviu falar, Acid Bath foi uma banda de Slugde-metal muito importante no cenário metaleiro underground americano dos anos 90, junto do Eyehategod, Melvins e Down. O grupo durou de 1991 até 1996, quando o antigo baixista Audie Pitre morreu após um atropelamento.

O site TheGauntlet.com afirma que não é apenas uma reunião para shows apenas, mas que os membros remanescentes (
Sammy Duet, Jimmy Kyle, Dax Riggs, and Mike Sanchez) se reuniram recentemente para tomar uns drinks. Os rumores de uma possível volta acontecem desde 2009, mas talvez agora fosse para valer. Enquanto isso nós, os fãs, ficamos aqui torcendo os dedos!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Entombed - Wolverine Blues (1993)
















"Wolverine Blues" é o terceiro trabalho de estúdio da banda sueca Entombed. O álbum traz uma sonoridade não tão cavernosa como em "Left Hand Path" (1990) e "Clandestine" (1991), adicionando uma certa influência rock 'n roll em seu som. Porém sem deixar a técnica afiada, a brutalidade e o timbre de guitarra serra-elétrica. Podemos dizer que este foi um marco na história do grupo: eles conseguiram construir uma identidade, inovando o Death Metal e fazendo sucesso mundial.

A primeira música abre o disco socando a cara do ouvinte. Em menos de um minuto, Alex Hellid e Uffe Cederlund arrasam com dois riffs de matar qualquer um. Isso tudo culmina em uma boa porradaria Thrash!

"Rotten Soil" mostra o lado "death 'n roll" que esse disco traz. Vocais insanos do louco L-G Petrov, boa técnica, porém um solo numa escala mais "blueseira". "Wolverine Blues", um dos grandes sucessos dos rapazes suecos, é puro death metal, com um belo refrão.


"Demon", "Contempt" e "Blood Song" são mais amostras de que misturar infuências de Stooges e Black Flag com o peso do Metal somente origina coisa boa. Destaque para o riff de "Full of Hell": poucas bandas conseguem criar algo tão foda.


"Hollowman" também é um dos carros-chefes do disco. Faz lembrar coisas como um bar ao estilo texano, canecas enormes de cerveja espumante, motoqueiros curtindo um som em suas motos. O refrão é um hino...


Talvez a faixa mais subestimada seja "Heavens Die". É difícil hoje em dia encontrar bandas que consigam criar refrões tão interessantes como esse. Uma das melhores músicas do Entombed!


E "Out of Hand" fecha o álbum quebrando tudo numa ode ao Anti-Cristianismo. Ou seja, um tema tão clichê nesse meio metaleiro. Contudo, isso não deixa de fazer com que WB seja um dos melhores discos de Death Metal.



sábado, 7 de abril de 2012

Entrevistas, reportagem, etc.

Acho que a partir de agora vou implementar uma sessão com entrevistas, reportagens e curiosidades. Andei pensando nisso. Acho legal fazer resenhas e comentários sobre discos, mas talvez um pouco mais de versatilidade ao blog pode ficar bem legal. Então irei selecionar algumas entrevistas interessantes e repassar aqui no FLUSHINGS.

No caso, como estreia, aqui vão alguns trechos de uma entrevista que o baterista Mike Portnoy (Dream Theater, Avenged Sevenfold, Adrenaline Mob) concedeu ao site The Nervous Breakdown (www.thenervousbreakdown.com):



The Nervous Breakdown: O Adrenaline Mob começou o ano com uma grande mudança pessoal, trazendo o baixista do DISTURBED John Moyer. Você estendeu a mão para ele. E quanto ao seu estilo, foi a escolha certa?
Portnoy: Bem, eu conheci John quando o Disturbed e o Avenged Sevenfold fizeram uma turnê juntas na Uproar tour algum tempo atrás, John e eu nos entendemos muito bem. Eu sabia que ele era um cara super legal, um cara pé no chão, então eu sabia que ele iria se enxaixar tanto pessoalmente como no estilo, e com toda sua carreira no Disturbed, eu sabia que musicalmente ele se encaixaria perfeitamente no som do Mob. O mais importante foi o fato do Disturbed anunciar que daria uma pausa prolongada, isso foi fundamental para nós, na hora de encontrar um baixista que não tivesse outras bandas ou compromissos. Foi um momento perfeito para John, porque agora que ele está com este tempo vago, ele pode se comprometer com a gente e não se preocupar com eventuais conflitos de agenda. Desta maneira, John foi a escolha perfeita.

The Nervous Breakdown: Como baterista, é obviamente importante ter alguém que combine com você em matéria de rítmo, por isso mesmo antes de John ser encontrado, você tinha um critério em mente para um novo baixista?
Portnoy: Bem, nós procurávamos por alguém que pudesse fazer parte do time e alguém que pudesse fazer música. Mesmo que eu tenha essa reputação por ser um baterista exagerado e apesar de Mike Orlando ser um guitarrista extremamente chamativo, não estávamos procurando por um baixista maluco. Nós estávamos procurando por alguém que tivesse uma função. Então, John era exatamente o tipo de músico que estávamos procurando - um filho da puta que pudesse segurar as pontas. John é absolutamente adequado aos nossos critérios.

The Nervous Breakdown: O guitarrista Rich Ward deixou a banda recentemente. Já existem planos para um substituto?
Portnoy: Não, nós vamos deixar a banda como um quarteto. Quando John Moyer fez os testes no baixo, outra coisa que fizemos foi ver como ficaríamos como um quarteto. Nos ensaios pareceu bem legal: "Vamos manter estes quatro elementos". É mais fácil, menos problemas para resolver, e mesmo assim parecemos completos, e algumas de nossas bandas favoritas são em quatro, como BLACK SABBATH, VAN HALEN e PANTERA.

The Nervous Breakdown: Agora que a poeira abaixou, e tendo em vista tudo que você fez desde a época no Dream Theater, como você vê que o seu legado foi deixado na banda?
Portnoy: O Dream Theater é algo que nunca vou esquecer. Ele fez parte de vinte e cinco anos da minha vida e foi algo que me entreguei de coração, alma, sangue, suor e lágrimas. Eu literalmente comi, respirei e caguei Dream Theater por vinte e cinco anos, por isso, independentemente de onde eles cheguem em sua carreira e independentemente para onde eu vá em minha carreira, eu sempre estarei ligado ao Dream Theater e isso é bom para mim - tenho orgulho de cada canção que eu escrevi naquela banda, cada álbum que gravei na banda, e cada show que eu toquei com a banda. Então eu não tenho nenhum problema com o fato de que eu seja sempre lembrado como "Mike Portnoy do Dream Theater". Isso é algo que nunca vai mudar. Será sempre assim e tenho orgulho disso. Eu não aceitaria isso de outra forma.

*Estas informações foram colhidas do site brasileiro Whiplash.net

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Nirvana - Nevermind (1991)















O fenômeno desse disco provavelmente foi a última coisa realmente grandiosa no mundo do Rock, a ponto de representar uma geração inteira de jovens (nomeada na época de "Generation X"), que não aguentavam mais tantas bandas de hard-heavy-metal-glam-rock dos anos 80. Não que esses estilos fossem ruins, mas eles estavam em todos os lugares e meios e veículos de comunicação na época.

E exatamente no mesmo ponto onde se entrava numa nova década, esse disco veio e fez com que a tendência musical no mundo inteiro mudasse também. Até então, quem havia promovido grandes mudanças no meio musical-ideológico tinha sido gente como James Jean, John Lennon, entre outros. Porém devido ao sucesso gigantesco de "Nevermind", Kurt Cobain entrou para o rol de artistas que falaram para milhões de pessoas o que elas precisavam ouvir, ou que precisavam de alguém que falasse publicamente por elas, de alguém que as entendesse em seu mais profundo âmago. De fato, a vida super conturbada por problemas familiares, depressão e drogas de Kurt influiu em seu suicídio em 1994. Mas que também sua música recebesse todas essas mágoas, fazendo muita gente se identificar e falar: "Esse cara está falando sobre mim! Acho que alguém me entende."


"Nevermind" foi o segundo álbum do Nirvana, e longe do preconceito de muitas pessoas, ele é considerado o melhor da banda e um dos melhores de todos os tempos. Não é à toa que tirou Michael Jackson do primeiro lugar na Billboard em 1991, vendeu ao todo 30 milhões de cópias no mundo inteiro (300.000 por semana em 1992), ganhou discos de Ouro, Platina e Diamante, e foi responsável por apresentar Seattle e seu estilo de vida, o movimento Grunge e o Rock alternativo ao mundo, fazendo milhares de pessoas a usarem casacos de flanela e bermuda preta surrada, pintarem o cabelo e ver os dias chuvosos e nublados de uma maneira mais "rock" de ser. Além de muitas bandas terem adotado um pouco da  estética de som sujo, angustiado e guitarras com microfonias, como Butthole Surfers, Stone Temple Pilots, Pavement, The Posies, Blind Mellon, entre outros. E até influenciou gente aqui no Brasil como Barão Vermelho, Titãs e Lulu Santos.

Com uma sonoridade mais comercial, diferente de "Bleach" - disco de estréia lançado pela SubPop em 1989 - que era mais visceral, "Nevermind" foi produzido por Butch Vig (que é baterista do Garbage) e a banda, que teve mudanças em sua formação: o baterista Chad Channing saiu e deu lugar ao atual líder do Foo Fighters Dave Grohl. Mas o mais curioso é que o Nirvana não era de Seattle propriamente, e sim de uma cidade há 160 kms daquela, chamada Aberdeen. Em termos de distância, eram lugares que havia uma boa acessibilidade, mas comportamentalmente e psicologicamente, as duas cidades eram extremamente diferentes.


"Nevermind" foi lançado pela gravadora Dave Geffens, que era a mesma do Guns 'N Roses. Isso causou atrito entre os líderes Kurt Cobain e Axl Rose, porque o som sujo do pós-punk de Seattle fez com que o hard rock de Los Angeles praticamente entrasse em falência. Mas ironicamente, foram os dois últimos grandes ídolos do rock 'n roll.

E quem ouve esse disco, logo de cara se depara com o maior sucesso da década de 1990 e um dos hinos da História do Rock, que é "Smells Like Teen Spirit". É um baita som pós-punk cheio de adrenalina, com solo simples porém marcante, e um refrão que colou pra eternidade por ser exatamente como o solo: uma ótima e simples ideia, que não ocorre todo dia.

Não fazendo menos, "In Bloom", que foi regravada do primeiro álbum um pouco mais "pasteurizada", ainda sim é uma música digna de aclamação: um rock arrastado e intenso, com momentos de clímax e falando sobre os fãs não-roqueiros do Nirvana. "Come As You Are" é sombria e austera, com um verso onde Kurt Cobain fala não ter uma arma. Nesse hora nota-se como a rouquidão de sua voz combina perfeitamente. Somente um detalhe que quase ninguém sabe: o riff dessa música foi roubado de "Eighties", uma música do Killing Joke, que por sinal é um grande influenciador do Kurt!

"Breed" tem toda a energia de uma banda punk, com bateria surrada, vocal rouco e direto, e muita guitarra dissonante e estridente. É aqui e em outras partes do disco que percebe-se a grande influência que o Sonic Youth, Flipper, Big Black, Killing Joke e até Sex Pistols fizeram sobre Kurt e sua trupe.
 "Lithium" é um dos maiores sucessos da banda, por ser uma música emocionate. Kurt começa cantando calmamente versos como "Estou tão feliz/porque hoje eu encontrei meus amigos/ em minha cabeça", pra explodir em um refrão cheio de regojizo, um verdadeira exaltação.

"Polly" é uma balada voz, violão e baixo, onde a letra foi inspirada em um fato real de sequestro ocorrido na época. Um maníaco raptou uma menina e a torturou, porém ela soube acalma-lo, meio que fazendo o que ele queria e através disso conseguiu fugir. Uma música simples e bonita. O mais puro punk-hardcore imperam em "Territorial Pissings". É intenso, espancado, sujo e gritado. Digno de show pesado.

Em "Drain You" a batida tem uma certa levada anos 60 nos versos, em um refrão mais pesado. Mas além disso, o que realmente chama atenção nessa faixa é um momento de suspense-apreensão que tem no meio. As pancadas de guitarra nessa hora tem um efeito de chorus e reveb dentro da medida. Lembra um tanto The Who.
"Lounge Act" e "Stay Away" mostram como o Nirvana, mesmo buscando uma sonoridade mais pop, ainda tem Q visceral. O refrão da segunda citada é colante, parece chiclete.

Aliás, nesse álbum o que marca são os refrões. Vide "On A Plain": uma bela canção com boas guitarras pesadas onde o coro feito por Kurt e Dave Grohl é perfeito, muito bonito.

Com relação a "Something In The Way", foi a música mais inusitada ao se gravar. Segundo Butch Vig, a banda não conseguia achar o jeito certo de grava-la. Então Kurt sentou no sofá do estúdio e disse que deveria soar assim. Aí ele pega o violão e começa a tocar de maneira suave, calma, meio melancólica. Butch ficou maravilhado com o que ele fez e falou para continuar a tocar exatamente como ele estava fazendo. Nisso ele levantou-se, desligou o telefone, o ventilador, fechou a janela e pôs um microfone estrategicamente perto do violão de Kurt e mandou-o fazer de novo, da mesma maneira sem mudar nada. Apesar do que Dave e Kris Novosellic depois sofreram no estúdio para gravar por cima de uma base de violão sem metrônomo, disse Butch em uma entrevista.

É bem interessante ver como se trata de uma história ainda recente para o mundo da música. Que através de um disco, a cena que já ocorria em uma cidade fica conhecida mundialmente e fez jus a outros nomes que já eram cultuados em Seattle. Gente como Soundgarden, Pearl Jam, Alice in Chains, Melvins, Screaming Trees e alguns outros aproveitaram a grande onda e foram praticamente puxados à fama. Mesmo passados 20 anos da ascensão do Nirvana e do grunge, foi um momento onde a música ainda permanece intocada, influenciando até hoje muitas pessoas.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Soundgarden - Superunknow (1994)















Se teve um ano que para o movimento grunge foi bem intenso, esse ano foi 1994. Fora o fato da música de Seattle ter ficado conhecida mundialmente através das rádios e da MTV três anos antes, 1994 foi marcado pela triste notícia do suicídio de Kurt Cobain. Mas de contrapartida também pelo lançamento de "Superunknown", quinto álbum do Soundgarden, que foi um mega sucesso.

O grupo formado por Chris Cornell, Kim Thayil, Ben Shepherd e Matt Cameron entrou para o estrelato e reconhecimento mundial, ganhando Grammys, participando de programas como "Saturday Night Live" e sendo exaustivamente tocado em rádios e na MTV após ter ralado por aproximadamente 10 anos nos palcos de Seattle e dos EUA. Por sinal, a banda se tornou uma das queridinhas da até então gravadora A&M.

Considerado o melhor álbum da banda, "Superunknown" traz um som mais "refinado". Experimental, eclético, com as evidentes influências de Beatles, Led Zeppelin, David Bowie e mantras hindus, o álbum revela um Soundgarden mais maduro, com canções mais elaboradas, um tanto austeras, melancólicas, porém tudo muito bem executado. Claro, sem tirar o som do metal tradicional dos caras.

De quebra, "Let Me Drown" abre o disco rasgando tudo com o peso do metal, Chris fazendo vocais que dão à música uma aura maior e mostrando o por quê de ser um dos cantores mais conceituados que existem. "My Wave", um baita rock 'n roll com uma pegada a la Steppenwolf e "Fell On Black Days", cujo refrão é o resumo do que foi o Grunge ganharam clipes para MTV, sendo a segunda mais conhecida no mainstream.

O álbum vai navegando por entre músicas densas e pesadas como a metaleira "Mailman", a stone-rocker "Head Down" - com uma finalização épica; belos riffs de guitarra como na faixa-título "Superunknown" e a lisérgica "Black Hole Sun", que se tornou praticamente um hino, o maior sucesso da banda e um dos maiores da década de 1990.

O que incrementa o ar de curiosidade perante ao disco foi a participação de um artista de rua, muito conhecido de Seattle, chamado apenas de Artis. Ele quem gravou as colheres que batucam em "Spoonman", cuja letra foi inspirada nele. Uma das faixas mais representativas e pesadas do Soundgarden, a música foi escrita e composta por Chris, quando estava ajudando a criar a trilha sonora do filme "Singles" (estrelando Matt Dillon e Briget Fonda, 1992).

 "Limo Wreck" fala com melancolia sobre temas como fome, egoísmo e fim do capitalismo.  "The Day I Tried to Live" fala sobre ter um dia ruim, com certo ar "hard-rock dramático". E como em álbuns anteriores, Soundgarden mostra um pouco de sua influência punk em "Kickstand". Digno de roda.

Agora, a sequência de "Fresh Tendrils", "4th of July", "Half" e "Like Suicide" é algo interessante. A faixa 12 traz o peso metaleiro, lembrando um pouco The Cult até. A conseguinte parece um enterro de algum ditador, porém com guitarras. 

Com exceção de "Half" que é uma espécie de mantra gravado pelo baixista Ben Shepherd, "Like Suicide" completa a sequência mórbida, soando como um lamento.

Porém, pra ter um final feliz - alegre ao menos - "She Likes Surprises" fecha o álbum falando sobre tendências jovens dos anos 90 e exalando Bob Dylan, John Lennon e David Bowie pelos esporos.

Em termos de produção, a banda ficou no estúdio Bad Animals em Seattle por entre julho até setembro de 1993. Eles, junto do produtor Michael Beinhorn e Brendan O'Brien, trabalharam incessantemente no material. Ou conforme Chris disse na época: "Beinhorn ele estava tão por dentro dos sons e de tudo, que era quase anal. Isso nos irritou muitas vezes..."

Tudo bem que todo processo criativo é duro, porém o trabalho rendeu a um Grammy de Melhor Disco de Rock em 1995, 5 Discos de Platina e estreiou em primeiro lugar na Billboard em 1994. 
Com certeza esse álbum é o que melhor traduz em sons o clima e a atmosfera de Seattle...




domingo, 1 de abril de 2012

Helmet - Strap It On (1990)

 









O primeiro disco a ser "resenhado" no Flushings! Por sinal, a ponto de curiosidade, o nome deste ilustre blog foi inspirado num lado-B do Helmet com o mesmo título...

Embora esse álbum não seja o que levou a banda à fama mundial, ele merece muito respeito. Diferente da maioria das bandas que até então mandavam no heavy metal, o Helmet já se mostrava super original desde o princípio: são 9 faixas repletas de guitarras atonais, groove intenso, riffs matadores, vocais esgoelados de Page Hamilton; tudo com um jeito "avant-garde" que influenciou quase todas as bandas de metal dos anos 90 e a galera do Nu-metal mais à frente.


O disco começa já com a porradeira "Repetition", com um riff de tremer o telhado e uma bateria quebrando tudo! Page grita sobre temas esquisitos como parecer patético, oferta de sexo e uma garota que parece um garoto. Em seguida, "Rude" abre com John Stanier lançando uma batida groove, bem funkeada que dá prosseguimento a uma das músicas mais pesadas da banda, com direito a vocais beirando o gutural e um riff que influenciaria gente como RATM e Korn.


A soturna e sombria "Sinatra" virou um cult dos caras que não foi à toa. A faixa faz parecer que você está andando num local escuro, sinistro e cheio de árvores. Mas o que chama a atenção é quando as guitarras ficam em uma espécie de mantra, dando um tom mais fantasmagórico. Um dos melhores momentos do Helmet.

A quinta faixa, "FBLA" (sigla para Future Business Leader of America), mostra que os rapazes queriam é fazer barulho e do bom! Com John mostrando todo o talento de um grande baterista, Hamilton logo no início dá um berro, que está mais para um esporro, que precede uma boa porrada! As guitarras atonais finalizam em grande estilo.


Agora, se tem duas faixas que merecem total crédito neste disco são "Blacktop" e "Distracted". Ambas as canções inauguram, pode-se dizer assim, um novo jeito de fazer refrões no heavy metal. O papel de Stanier é crucial, porque se não fosse pela sua pegada funk-groove porrada, provavelmente o efeito "levanta-estádio" não existiria. Sem falar também pelos riffs das faixas que fazem qualquer um bater cabeça. Se o termo "groove-metal" é válido, então aqui ele se faz.


"Make Room" tem um riff dissonante e simples, mas de fazer você ficar encantado. É pesado, distorcido e bonito. Esse foi um dos acordes que seriam exaustivamente executados por bandas de nu-metal.


O quê dizer à respeito de "Murder"? Deve ser a música mais barulhenta que o Helmet já fez em toda sua carreira e uma das mais destruidoras que o mundo do Metal já ouviu. Nada de solos mega rápidos, nada de pedal duplo metralhando e outras técnicas, é o mais puro "noise-metal" imperando! O som ficam tão distorcido que por horas lembra uma serralheria. A influência de bandas como Sonic Youth, Flip e Big Black causaram uma boa inspiração para o Helmet. Nessa faixa, eles levam tudo ao extremo, a ponto de passarem um esmeril na guitarra! Essa sim é uma ótima maneira de fechar um disco com chave de ouro e de estreiar na música.